A indústria global de fundos de investimento encerrou 2024 com uma sólida recuperação, alcançando um patrimônio de 78,7 trilhões de euros, dos quais a Europa representa 29%, consolidando-se como a segunda maior região por volume. É o que destaca a 23ª edição do EFAMA Fact Book 2025, elaborado pela European Fund and Asset Management Association (EFAMA).
O relatório ressalta que a região europeia registrou uma notável retomada nas entradas líquidas, somando 685 bilhões de euros em 2024 — quase o triplo de 2023 — e superando com folga a média da última década. Esse resultado foi impulsionado pelo dinamismo dos fundos monetários, de títulos e, especialmente, dos fundos negociados em bolsa (ETFs), que tiveram entradas recordes.
Além disso, o documento destaca que todos os principais tipos de fundos UCITS superaram suas médias de rentabilidade dos últimos cinco anos. A renda variável, em particular, ofereceu um retorno médio de 18,1% em 2024, frente aos 8,9% do quinquênio anterior. Os fundos de renda fixa e os multiativos também apresentaram rentabilidades superiores ao habitual.
Por outro lado, os custos para os investidores continuam em queda. Entre 2020 e 2024, as taxas dos fundos ativos UCITS caíram de 1,11% para 1,02%, enquanto as dos fundos passivos passaram de 0,22% para 0,20%. A análise sugere que essa tendência continuará, favorecida pela concorrência entre gestores e pela maior transparência nas tarifas.
Tendências estruturais: maiores, mais passivos, mais Estados Unidos
Segundo o relatório, os grandes fundos estão ganhando terreno. No fim de 2024, os UCITS com mais de 10 bilhões de euros concentravam 25% do mercado, ante 12,5% em 2014. Essa concentração se explica em parte pelo crescimento dos ETFs e dos fundos monetários, que costumam ter estruturas muito grandes.
Ao mesmo tempo, os fundos passivos continuam ganhando participação, atingindo 29% dos UCITS de longo prazo, graças ao baixo custo e à crescente popularidade entre investidores de varejo e institucionais. Outro dado significativo: a exposição a ações norte-americanas superou 50% nos fundos de renda variável UCITS. O relatório atribui essa tendência ao bom desempenho das bolsas dos EUA e à popularidade de índices globais com forte peso no mercado americano.
No entanto, a sustentabilidade parece perder força por enquanto. Pela primeira vez desde a introdução do regulamento SFDR, os fundos classificados como Artigo 9 — aqueles com objetivos sustentáveis explícitos — registraram saídas líquidas. Em contrapartida, os fundos Artigo 6 e 8 viram seus fluxos se recuperar, em parte graças ao forte crescimento dos ETFs (majoritariamente Art. 6) e dos fundos monetários (principalmente Art. 8). A análise aponta que essa dinâmica evidencia a necessidade de revisar o arcabouço regulatório das finanças sustentáveis, tornando-o mais claro e acessível para os investidores de varejo.
Outra conclusão relevante é que, durante 2024, os lares investiram 258 bilhões de euros em fundos — o segundo maior nível da última década. A análise destaca que esse número reflete o crescente interesse dos pequenos poupadores pelos mercados de capitais por meio de veículos diversificados e geridos. No entanto, 40% do patrimônio financeiro das famílias ainda está em depósitos bancários, o que, segundo o relatório, mostra a ampla margem para continuar mobilizando poupança para investimentos mais produtivos.
Fundos alternativos: crescimento contido e foco em ativos privados
Os fundos alternativos (AIFs) tiveram um ano mais moderado, com 55 bilhões de euros em entradas líquidas. Ainda assim, o relatório aponta uma mudança relevante: os fundos fechados, utilizados para investir em infraestrutura, dívida privada ou imóveis, já representam 21% do total de AIFs, ante 9% em 2019.
A análise da EFAMA reflete uma indústria de fundos europeia em evolução: mais eficiente, mais global e mais atraente para os pequenos investidores. À medida que os ETFs ganham protagonismo, as taxas diminuem e o acesso se amplia, o desafio continua sendo revitalizar o investimento sustentável e aproveitar o potencial da poupança europeia.