Enquanto continua a pausa nas tarifas dos EUA, os investidores continuam se preparando para uma possível disrupção nos mercados. Nesse contexto, os dados coletados pela Morningstar Direct mostram que o ouro e outros metais preciosos registraram uma forte recuperação: os ativos líquidos totais em ETPs de ouro atingiram 326 bilhões de dólares a nível global, o que representa um aumento de 38,17% em relação ao fechamento de 2024.
Enquanto o ouro brilha nesse contexto de incerteza, os dados mostram que a prata não fica para trás. O patrimônio em ETPs de prata, em junho de 2025, situou-se em 30,08 bilhões de dólares, o que representa um crescimento de 38,6% no acumulado do ano. Nesse caso, observa-se que os fluxos entraram com menos intensidade do que nos ETPs de ouro, mas de forma mais constante, já que desde fevereiro deste ano não houve nenhum mês com saídas superiores às entradas.
Na opinião de Monika Calay, diretora de Análise de Gestores na Morningstar, o auge dos metais preciosos neste ano foi impulsionado por uma combinação de fatores macroeconômicos e políticos. “Os bancos centrais, especialmente a China, têm comprado ouro de forma agressiva para se diversificar e se afastar do dólar norte-americano. Ao mesmo tempo, as expectativas de cortes nas taxas por parte do Federal Reserve, um dólar mais fraco e a incerteza fiscal estão renovando o interesse pelo ouro como ativo de refúgio. As tensões geopolíticas, os fluxos para ativos seguros e o aumento do risco tarifário também estão reforçando a demanda em todo o setor de metais preciosos”, explica.
Sobre os dados, destaca que os ativos líquidos totais em ETPs de ouro subiram para 326 bilhões de dólares a nível global. “Isso é um sinal claro de que os investidores estão voltando ao ouro, impulsionados por sua tradicional reputação como proteção contra a inflação. As entradas em ouro em 2025 estão sendo alimentadas pela incerteza macroeconômica e geopolítica, pela diversificação dos bancos centrais e pela preocupação dos investidores com o risco inflacionário”, conclui.
O que está acontecendo no mercado de commodities? Segundo explica a WisdomTree em seu último relatório, elaborado por Nitesh Shah, responsável por Commodities e Pesquisa Macroeconômica; Aneeka Gupta, diretora de Pesquisa Macroeconômica; e Mobeen Tahir, diretor de Macroeconomia e Pesquisa Temática, as commodities ressurgiram com força em junho, aproveitando o impulso observado no início de 2025.
“As commodities (6%) tiveram um desempenho superior no mês passado tanto em relação à renda variável (1,3%) quanto à renda fixa (0,8%), reafirmando seu papel como proteção essencial em um contexto de crescente volatilidade geopolítica e macroeconômica. Embora os metais preciosos tenham sido o principal motor da rentabilidade das commodities no acumulado do ano, os mercados de energia assumiram decisivamente a liderança no mês passado, puxando a alta do complexo, já que a atenção do mercado de commodities está centrada no conflito entre Israel e Irã”, destaca o relatório. Sua conclusão é que a recuperação generalizada em todos os setores de commodities destaca a resiliência dessa classe de ativos e o renovado interesse dos investidores, sobretudo levando em conta que os riscos de inflação, a volatilidade climática e a incerteza política continuam elevados.