A inteligência artificial (IA) está revolucionando o setor esportivo ao potencializar o desempenho dos jogadores, otimizar o treinamento e a prevenção de lesões, acelerar os tempos de recuperação e aperfeiçoar as estratégias de treino e jogo. Além disso, a IA está transformando a identificação de talentos, revolucionando a participação dos torcedores e alterando a forma como o esporte é consumido em todo o mundo. Essa revolução é possível graças à enorme quantidade de dados coletados por dispositivos vestíveis, câmeras e sensores situados nos campos, nas quadras de tênis e atletismo, assim como em equipamentos como bolas, tacos e raquetes.
O rápido desenvolvimento da IA está permitindo avanços no aprendizado de máquina e na criação de algoritmos para aproveitar esses dados e possibilitar uma análise minuciosa do desempenho dos jogadores e novas perspectivas. Prevê-se que o mercado de IA nos esportes, que utiliza IA generativa e análise preditiva, registre um crescimento explosivo, passando de 1 bilhão de dólares em 2024 para 2,6 bilhões em 2030.
Como os esportes estão sendo transformados pela inovação e pela tecnologia?
Atualmente estamos imersos em uma revolução tecnológica de grande alcance nos esportes. Times e organizações esportivas estão aproveitando a IA para obter vantagem competitiva, o que está impulsionando a inovação que observamos, dadas as parcerias que as franquias esportivas estão formando com empresas de tecnologia. Mesmo no Campeonato de Wimbledon, um dos torneios esportivos mais tradicionais, veremos pela primeira vez em 147 anos como os juízes de linha humanos estão sendo substituídos pela tecnologia de árbitro eletrônico (ELC).
Os dados são capturados, analisados e aplicados de múltiplas formas dentro do futebol. Além do Video Assisted Referee (VAR), utiliza-se tecnologia para coletar dados sobre jogos de futebol e sessões de treino por meio de múltiplos mecanismos, entre eles softwares de análise de desempenho como o SBG MatchTracker, dados de GPS (Global Positioning Systems) fornecidos por empresas de tecnologia vestível como a Catapult, que oferecem análises detalhadas sobre o rendimento dos atletas a partir da captura de padrões de movimento, recuperação e esforço, ou tecnologia de vídeo fornecida por start-ups como a BEPRO, que medem e buscam melhorar o desempenho dos times.
O time do Liverpool Football Club utilizou dados, IA e análises para conquistar a UEFA Champions League e a Premier League inglesa. Torcedores estão familiarizados com Jürgen Klopp, Virgil Van Dijk e Mo Salah, mas poucos ouviram falar de Ian Graham. Podemos descrevê-lo como um tecnólogo que teria sido o verdadeiro arquiteto do sucesso recente do Liverpool. Físico teórico de formação, Graham era diretor de pesquisa do clube. Os modelos e algoritmos de IA de sua equipe, que utilizaram dados coletados sobre o Liverpool e outros times, foram fundamentais na escolha de Klopp como treinador em 2015. Embora o Borussia Dortmund tivesse terminado apenas em sétimo lugar em 2014/15, os dados estatísticos mostraram que, pelo desempenho, deveria ter ficado em segundo — apenas a má sorte em jogos decisivos impediu. Os modelos também sugeriram contratações de estrelas como Philippe Coutinho e Mo Salah, e apontaram que Salah e Roberto Firmino se entrosariam muito bem. Diferente do Manchester United, o Liverpool seguiu um enfoque orientado por dados, o que permitiu manter consistência nas contratações e substituir com sucesso jogadores como Coutinho e Firmino, além de trocar um técnico vitorioso por outro, Arne Slot, que já conquistou a Premier League em sua primeira temporada.
Outro exemplo é o craque belga do Manchester City, Kevin De Bruyne, que usou dados e análises como elemento central para renegociar seu contrato, sem recorrer a um agente. Segundo relatos, ele contratou a empresa Analytics FC, especializada em análise esportiva, para levantar dados sobre como o time estava sendo estruturado para o futuro, incluindo informações sobre o perfil etário do elenco, minutos jogados por idade e contratos de atletas-chave. Os dados também analisaram seu desempenho passado, presente e projetado, além da relevância dentro do time com base no valor de contribuição. Para meio-campistas ofensivos como De Bruyne, isso incluiu métricas de gols, assistências e chances criadas (reais e esperadas). O contrato baseado em dados foi renovado por quatro anos, avaliado em cerca de 83 milhões de libras — seu último vínculo com o City.
Em outras áreas, a rede de prospecção de talentos foi ampliada graças ao aprendizado de máquina. O aplicativo móvel Footbao permite que aspirantes a Neymar subam vídeos de si mesmos jogando ou mostrando habilidades, que são filtrados pela IA de acordo com os requisitos específicos de clubes. Essa ferramenta já levou jogadores a serem contratados por Corinthians e Flamengo.
Além dos esportes individuais, a IA também está sendo aplicada em grandes eventos, como os Jogos Olímpicos. Em Paris 2024, 15 parceiros tecnológicos gerenciaram equipamentos e recursos digitais. A IA foi usada para produzir vídeos personalizados de melhores momentos, transmitidos nas redes sociais em diversos idiomas e formatos. A sustentabilidade também foi prioridade: o consumo de energia foi monitorado em tempo real e serviu de base para o planejamento futuro.
A tecnologia mudou a forma de consumir esporte
A tecnologia também está transformando e determinando as preferências de visualização, além de oferecer experiências personalizadas. Impulsionadas pela IA, as plataformas esportivas utilizam dados para analisar o comportamento e as preferências dos torcedores, personalizando conteúdo e recomendações.
Embora os esportes sempre tenham sido um dos programas mais assistidos na TV aberta, o streaming fez disparar a audiência. Estima-se que até 2025, 118 milhões de pessoas nos EUA assistirão esportes em streaming (um aumento de mais de 70% em relação a 2021, segundo a EMARKETER). O Twitch, por exemplo, transmitiu quase 21 bilhões de horas de vídeo em 2024. Para engajar as novas gerações, emissoras precisam oferecer experiências mais imersivas e interativas, explorando 5G, realidade aumentada (AR), realidade virtual (VR), computação em nuvem e streaming.
A Geração Z, que cresceu em meio à tecnologia, prefere conteúdos curtos e tem mais chances de assistir Kevin De Bruyne jogando no videogame EA Sports FC 25 do que em uma partida de 90 minutos. Mais recentemente, torcedores dos EUA aderiram ao Prime Vision, transmissão alternativa da NFL pelo Amazon Prime, que oferece visão de campo aprimorada, estatísticas e perspectivas adicionais em tempo real.
A convergência entre nuvem, streaming, AR, VR e 5G está permitindo a gamificação da experiência esportiva. Assistir com visão em 360 graus, sentar-se “virtualmente” nos melhores lugares do estádio, dividir a tela para ver estatísticas ou compartilhar a experiência com amigos são exemplos desse avanço. A principal vantagem do 5G sobre o 4G é a latência(tempo de resposta da rede), que pode cair de 30-50 ms no 4G para até 1 ms no 5G. Além disso, o 5G é mais eficiente na transmissão de dados (3 a 5 vezes mais que o 4G) e permite conectar muito mais dispositivos por estação base, reduzindo perdas de sinal.
Cloud computing (e agora a IA), sustentados pela Lei de Moore
Assim como nos esportes profissionais, pequenos ganhos de eficiência podem trazer enormes recompensas. Dois fatores fundamentais impulsionam isso: a Lei de Moore, que permite tecnologia mais barata, rápida e poderosa, e a migração acelerada para a nuvem (cloud computing). Embora a Lei de Moore clássica tenha se tornado mais complexa, novas técnicas de fabricação de semicondutores, como o conceito “More than Moore” da TSMC, continuam gerando chips mais potentes e econômicos.
A infraestrutura em nuvem democratizou o acesso à computação de baixo custo, permitindo que start-ups como BEPRO, Analytics FC, Playsight Interactive e Zone7 foquem na análise de dados, qualidade e algoritmos sem gastar com servidores caros. Com a chegada da IA, os hiperescaladores estão se consolidando como plataformas de entrega das últimas inovações aplicadas a diversos setores — e o esporte frequentemente está na linha de frente.
Inovação e esporte: uma aliança vencedora
A tecnologia está ganhando influência no futebol, transformando o jogo em ritmo acelerado graças a motores de longo prazo como a Lei de Moore e a migração para a nuvem. Esses fundamentos estão impulsionando a IA, que depende da análise de dados, da infraestrutura em nuvem e do aprendizado de máquina. Com sua ampla exposição, o esporte se torna um campo privilegiado para observar o poder disruptivo da tecnologia, enquanto a inovação constante transforma nossas vidas, gera soluções e ajuda empresas a conquistarem mercado — especialmente aquelas que lideram a integração entre IA e inovação em seus produtos e serviços.
Artigo escrito por Graeme Clark, Alison Porter e Richard Clode, gestores de Carteiras na Janus Henderson Investors.
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