A Trígono Capital, conhecida gestora focada em Small Caps, lançou nesta quarta-feira (13), seu primeiro fundo de ações dinâmico, com operações short e exposição a ações globais. O produto também marca a estreia de Yuhzô Breyer, antigo analista da casa e tipo como ‘pupilo’ de Werner Roger, CIO da casa, como gestor.
“O fundo nasce com uma cabeça de longo prazo, mas com flexibilidade tática”, diz Yuhzô em entrevista à Funds Society. Segundo ele, o fundo permite operar posições compradas, vendidas e arbitragens, com exposição internacional e uma carteira concentrada em ações brasileiras.
A distribuição do fundo Trígono Dynamic começa na plataforma do BTG Pactual.
Do ITA para a Bolsa: a trajetória de Yuhzô Breyer
Yuhzô deixou o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) após dois anos e meio de curso para focar no mercado financeiro. Mudou-se para São Paulo após ser aprovado em primeiro lugar no vestibular da USP para o curso de Economia.
“Na época que eu fazia, da minha turma, acho que teve eu e mais outro cara que saímos. Todo mundo, o resto formou”, relembra. A decisão, segundo ele, foi polêmica em casa. “Meus pais cortaram o financiamento”, conta. “Mas hoje ele já devolveu tudo e um ‘pouco’ mais”, diz um colega seu da Trígono.
O jovem ingressou na Trígono Capital em julho de 2019 como estagiário, ainda no primeiro ano da graduação em Economia pela USP. Ele conta que procurou a gestora motivado pelo interesse em aprender com Werner Roger e pela afinidade com a filosofia da casa. “Fui atrás da Trígono porque me identifiquei com o pensamento do Werner e com o estilo da gestora”, relata. Anos depois, ele estruturaria seu primeiro clube de investimentos.
‘Alpha de 180%’
O novo fundo começou como um clube de investimentos interno da Trígono, criado por Yuhzô. “Eu queria fazer algo que tivesse mais flexibilidade e fugisse um pouco da estrutura tradicional dos fundos Long Only”, conta. Em pouco tempo, a demanda entre os próprios funcionários da casa cresceu, e muitos aportaram no clube, relata.
A rentabilidade do período em que operou como clube, iniciado em 2021 e encerrado em 31 de janeiro de 2024, foi de 180% sobre o IBOV.
Exposição diversificada e short de até 20%
O fundo terá como base uma carteira brasileira concentrada, com até 20% de exposição vendida (short), além de um componente de ações globais que pode chegar a 15%. “O fundo nasceu sem a obrigação de performar em relação ao Ibovespa. A referência aqui é o CDI”, explica Breyer.
“Uso as posições vendidas para comprar mais aquilo que eu acho que vai subir”, explicou Breyer, destacando que seu foco está em alavancar o alfa através de ETFs como BOVA11 e Small11. Ele também comentou sobre suas operações com ações individuais, explicando: “Quando faço nomes individuais, gosto de fazer dentro do mesmo setor. Então, como estou muito comprado no setor imobiliário agora, tenho a Ezetec, e a Raia Drogasil serve para fazer posição contrária a algumas posições de varejo que eu tenho.”
Além disso, o gestor mencionou sua maior posição internacional, que é na empresa canadense Aura Minerals, com gestão brasileira.
Breyer também anunciou planos para abrir um fundo offshore, que permitirá alocar até 20% do patrimônio em ativos diretos no exterior. “Isso abre um leque gigantesco, porque comprando aqui no Brasil você só pode comprar BDRs, e BDR é difícil de achar muita simetria”, afirmou.
“É um fundo de estratégia absoluta, com flexibilidade para se proteger e explorar oportunidades em diferentes mercados.”