Para Mobeen Tahir, Director, Macroeconomics and Thematic Research da WisdomTree, não é o mesmo ter informação sobre a análise macro e de mercado que ter clareza sobre ela. Para ele, a clareza tem um valor adicional, já que traz tranquilidade. Em sua opinião, a evolução do patrimônio no mercado europeu de ETFs temáticos aporta, justamente, essa clareza que permite entender o que ocorreu em 2025 e quais serão as tendências para 2026.
Segundo os dados da gestora, em 2025, o patrimônio em ETFs temáticos alcançou 76,4 bilhões de dólares frente aos 45,9 bilhões de 2024. E o que é mais relevante, a participação de mercado dos ETFs temáticos cresceu de 14,7% para 21,9%. “O passo dos ETFs no entorno do investimento temático continua crescendo e de forma notória. Essa tendência é um claro exemplo para o investidor de clareza em um ambiente complexo”, afirma Tahir.

Para o especialista da WisdomTree, é relevante que os ETFs temáticos estejam tomando a dianteira, em termos de fluxos, em relação aos fundos mútuos. “As mudanças tecnológicas e geopolíticas são os dois âmbitos em que os fluxos foram maiores para ETFs temáticos do que para fundos abertos. Em contrapartida, vimos um claro retrocesso nos temas relacionados às mudanças demográficas e ao meio ambiente. Embora eu considere que veremos um boom neste último a partir de 2026, por exemplo, com as energias renováveis; então é um bom momento para entrar nessa temática”, explica.

Tendências por trás das temáticas
Agora bem, que tendências sustentam a popularidade da tecnologia e da geopolítica como temáticas de investimento? Para Tahir, a aposta que os países europeus estão fazendo na defesa da região explica por que a tecnologia e a geopolítica são as temáticas dominantes. “O tema da defesa se converteu em algo estrutural para a Europa e, em termos de investimento, implica uma janela muito ampla de empresas que têm em comum o traço tecnológico. Além de ser estrutural, é uma tendência de longo prazo, já que os países mostraram seu compromisso e firmaram acordos. Tudo isso supõe uma grande oportunidade de investimento não só pelo tema em si, mas também pelas necessidades de financiamento que isso vai implicar”, afirma.
Além da defesa, Tahir considera que, para o próximo ano, veremos um “renascer” da energia, em particular da energia nuclear. “Todo o desenvolvimento tecnológico leva associado uma forte demanda energética. Por ora, os países estão se preparando e uma de suas apostas é a energia nuclear, algo que vemos claramente na China. Em termos gerais, acredito que se acelerará o desenvolvimento dos reatores modulares pequenos (SMR), serão reabertos, ampliados ou anunciados mais reatores nucleares de grande tamanho; e, além disso, veremos mais empresas tecnológicas subirem no carro da energia nuclear”, defende.
Por fim, o especialista da WisdomTree lança duas tendências que sustentam tanto a temática tecnológica quanto a geopolítica: a cibersegurança e as terras raras. “Os delitos informáticos são cada vez mais recorrentes e enfrentá-los é uma necessidade, tanto para os governos quanto para as empresas e os particulares. Essa é uma megatendência que já não é opcional. Em relação às terras raras, elas desempenharão um papel relevante nas relações geopolíticas, portanto é de se esperar um boom que envolva tanto os setores industriais como a tecnologia necessária para extraí-las. Neste caso, o protagonismo é da China, já que ela acumula 40% das terras raras, portanto os demais países terão que se mover e fazer algo”, afirma.
Ao falar de temáticas de futuro, Tahir coloca o foco na computação quântica e explica que será a próxima grande revolução. “Este ano ocorreu uma importante mudança no âmbito da computação quântica, portanto em quatro anos estaremos implementando seu funcionamento, o que despertará o interesse dos mercados pelas aplicações que ela tem”, conclui.



