A TAG Investimentos, por meio de seu hub de inovação TAG Edge, anunciou o lançamento de seu primeiro Fiagro, com foco em crédito direto a pequenos e médios produtores rurais. A estrutura do fundo incorpora tecnologia nas etapas de análise, concessão e pagamento, com o objetivo de ampliar o acesso ao mercado de capitais por parte do setor agrícola.
De acordo com Francisco Perez, diretor do TAG Edge, a proposta vai além de um fundo tradicional de crédito. “Este não é apenas um fundo de crédito, é uma nova plataforma de acesso ao mercado de capitais para o produtor rural. Ao integrar um motor de crédito com inteligência embarcada e um arranjo de pagamento vinculado à produção, o FIAGRO do TAG Edge inaugura uma nova lógica de financiamento, mais conectada à realidade do campo e mais eficaz na alocação de capital”, afirma.
A iniciativa resulta da integração entre duas startups do setor agrofinanceiro. A Sette, anteriormente chamada A de Agro, responde pelo motor de crédito. A empresa utiliza inteligência artificial, big data e imagens de satélite para gerar análises preditivas sobre capacidade de pagamento e performance produtiva, com monitoramento contínuo das áreas financiadas. Já a E-ctare é responsável pelo arranjo de pagamento estruturado por meio do cartão digital “Prazo Safra”.
O cartão digital funciona como meio de pagamento rastreável, alinhado ao calendário agrícola e aos ciclos de produção, e pode ser adotado de forma opcional pelos parceiros de originação — como cooperativas, revendas ou agroindústrias. Esses parceiros atuam também como avalistas das operações, papel considerado essencial para garantir aderência local, conhecimento de causa e confiança na cadeia.
A meta do fundo é atingir um patrimônio líquido de R$ 1 bilhão até o fim de 2027. A estrutura modular permite adaptação às diferentes estratégias dos originadores e conta com uma rede operacional já mapeada, abrangendo cooperativas e agroindústrias em regiões como o Sul de Minas e o Centro-Oeste.
O lançamento do fundo ocorre em meio a um cenário desafiador para o crédito rural. Apesar do anúncio de R$ 516,2 bilhões pelo governo federal no Plano Safra 2025/26, o ciclo anterior encerrou-se com apenas R$ 298,4 bilhões efetivamente contratados, uma retração de mais de 14%, segundo o Banco Central. Os juros elevados das linhas oficiais — como 14% para custeio e 13,5% para moderfrota — também contribuem para o descompasso entre crédito disponível e acessível.
Nesse contexto, o TAG Edge vê espaço para novas soluções de financiamento no setor. O fundo se posiciona como alternativa tecnológica, com análise de risco sofisticada e infraestrutura rastreável. “O Fiagro do TAG Edge nasce para ocupar esse espaço”, diz Perez.
A estratégia reflete uma tendência emergente no mercado de capitais: fundos de crédito estruturado viabilizados por tecnologias oriundas de startups, voltados à cadeia agroindustrial.