Os gestores de private equity estão bem posicionados para tirar proveito do atual ambiente de mercado. É o que pensam os gestores e analistas da Neuberger Berman, empresa que identifica fatores que sustentam a força dessa classe de ativos. Seu relatório “NB Private Markets Outlook: Private Equity Resilience Amid Volatility” resume três focos principais nessa classe de ativos:
1. Em meio à volatilidade das tarifas, o private equity resiste: As carteiras de private equity tendem a ter menor exposição direta a setores sensíveis às tarifas em comparação com a economia em geral, o que pode mitigar as perturbações relacionadas às tarifas.
2. A excelência operacional impulsiona o desempenho: Apesar da incerteza macroeconômica, os fundos de capital de risco continuam demonstrando sólido desempenho operacional e rentabilidade de longo prazo superior à dos mercados de ações.
3. As disrupções de mercado criaram oportunidades: A volatilidade do mercado gerou oportunidades para os provedores de capital em um ambiente sem liquidez por meio de estratégias como coinvestimentos de duração média, fundos de continuação liderados por GPs e soluções de capital personalizadas.
A exposição do setor de capital de risco reduz o impacto das tarifas
Historicamente, os gestores de private equity mantiveram exposição relativamente limitada a setores que dependem fortemente de importações físicas, segundo o estudo. Ao contrário, priorizaram estrategicamente setores impulsionados pela inovação e pelo capital intelectual, como tecnologia da informação (TI), saúde e serviços financeiros.
“Acreditamos que esse posicionamento permite às empresas apoiadas por private equity contornar melhor a volatilidade dos custos de insumos e as disrupções na cadeia de suprimentos geralmente associadas às mudanças tarifárias, protegendo potencialmente contra esses riscos o ecossistema mais amplo de capital de risco”, afirma o estudo da empresa. Além disso, apontam que o private equity também oferece uma potencial diversificação para os investidores expostos à renda variável listada.
Fonte: Neuberger Berman e MSCI Burgiss para dados de private equity e S&P Capital IQ para dados do S&P 500 até o 3º trimestre de 2024.
As empresas apoiadas por private equity têm flexibilidade e capacidade operacional para enfrentar os desafios tarifários
Quando as tarifas foram anunciadas pela primeira vez, a Neuberger Berman entrevistou mais de 100 empresas de capital de risco de diferentes setores e regiões geográficas para avaliar os possíveis impactos sobre as empresas do portfólio. O resultado foi claro: aproximadamente metade não esperava nenhum impacto, enquanto a outra metade previa efeitos moderados sobre receitas, custos operacionais e ebitda.
As empresas investidas por private equity podem mitigar ativamente desafios como as tarifas aumentando os preços, diversificando fornecedores e gerenciando custos. Assim, o estudo afirma que essas estratégias “destacam a flexibilidade operacional das empresas apoiadas por capital de risco, uma vantagem para contornar disrupções”.
As valorizações do private equity são atraentes em comparação com a renda variável listada no curto e longo prazo
Neste ponto, a empresa se apoia em números do mercado norte-americano para reforçar essa afirmação. Os múltiplos de compra do private equity dos EUA continuam mais baixos e menos voláteis em comparação com os mercados listados, “o que destaca um ambiente de preços mais estável no longo prazo para os ativos privados”. Isso também está alinhado com a tendência de longo prazo.
Fonte: Pitchbook e S&P Capital IQ até 31 de março de 2025.
Essa diferença de valorização, segundo a empresa, pode representar “um ponto de entrada atraente para investidores em private equity em comparação com alternativas dos mercados listados”.
Os períodos de permanência prolongados no capital de risco exigem estratégias inovadoras
As carteiras de private equity estão passando por períodos de permanência mais longos à medida que as empresas migram de saídas rápidas para estratégias focadas em melhorias operacionais, aquisições e crescimento de longo prazo.
Os períodos de permanência prolongados, combinados com uma menor atividade de distribuição devido às incertezas econômicas, aumentaram a demanda por liquidez.
Nesse cenário de menor número de saídas, os general partners (GPs) passaram a adotar estratégias alternativas como fundos de continuação liderados por GPs, coinvestimentos em meio de ciclo e soluções de capital personalizadas, segundo aponta a empresa, que explica que o objetivo desses métodos é “proporcionar liquidez aos limited partners sem comprometer o valor dos ativos de alto desempenho em um ambiente de mercado competitivo e incerto”.
Perspectivas de investimento
Apesar dos recentes ventos contrários, acreditamos que o private equity continua bem posicionado para oferecer retornos atrativos ajustados ao risco no longo prazo e deve continuar sendo uma peça-chave em carteiras de investimento bem diversificadas.
Diversificação: Historicamente, o private equity teve melhor desempenho no longo prazo do que a renda variável pública, especialmente em períodos de estresse de mercado, tornando-se uma ferramenta valiosa de diversificação em tempos difíceis para outras classes de ativos.
Queda nas distribuições: A incerteza econômica, agravada pelas tarifas e pelos riscos de recessão, resultou em saídas e distribuições de capital mais baixas para os Limited Partners (LPs).
Liquidez: Os provedores de liquidez podem se beneficiar das disrupções de mercado oferecendo soluções de liquidez. Isso pode permitir o acesso a investimentos atrativos a valorizações favoráveis.
Períodos de permanência mais longos dos ativos: Relutantes em vender ativos de alto desempenho a valorizações modestas, as empresas de private equity estão levando mais tempo para criar valor adicional dentro das carteiras existentes. Isso pode reduzir a liquidez ou limitar a viabilidade de saídas rápidas.