As famílias mais influentes do mundo priorizam o «propósito» e a «conexão» acima do capital financeiro. É o que revela o relatório Principal Discussions Report 2025, elaborado pela equipe 23 Wall da J.P. Morgan, um estudo histórico que evidencia os valores, estratégias e perspectivas das famílias mais poderosas em nível global. Baseado em conversas profundas com 111 multibilionários de 28 países e mais de 15 setores, o relatório reúne a visão sobre como se constrói e se preserva a riqueza duradoura ao longo de gerações, comunidades e continentes.
Em uma era marcada por rápidas mudanças tecnológicas, dinâmicas globais em transformação e maior incerteza, as famílias mais ricas do mundo estão redefinindo o que significa gerir e preservar a riqueza. Entre as conclusões do relatório, destaca-se que o capital financeiro é apenas um aspecto de uma história muito mais ampla. Os principais responsáveis pela gestão do patrimônio familiar insistem constantemente que a verdadeira prosperidade é medida em termos de legado, liderança e impacto sobre os outros.
Através de continentes e gerações, esses líderes destacam a importância dos valores, dos relacionamentos e do compromisso com um propósito. Mais de 90% acreditam que o tempo, a saúde e os relacionamentos — e não o dinheiro — são as verdadeiras medidas de uma vida significativa. Quase 85% definem o sucesso por sua capacidade de ajudar outros a avançar, com forte ênfase no pensamento criativo e na liderança baseada em valores.
“É uma honra para nós servir essas famílias e aprender com suas experiências. Sua franqueza e sinceridade oferecem lições inestimáveis para qualquer pessoa que deseje criar uma riqueza duradoura com impacto permanente. Os entrevistados nos lembram que a prosperidade é muito mais do que o capital financeiro. Suas perspectivas desafiam todos nós a repensar o que significa construir uma riqueza duradoura, colocando o propósito, a conexão e a administração no centro de sua trajetória”, afirma Andrew L. Cohen, presidente-executivo do Global Private Bank.
Outra das conclusões-chave é que as tensões geopolíticas são consideradas, majoritariamente, o risco mais importante enfrentado pelo mundo atualmente, sendo citadas por 63% dos entrevistados como sua principal preocupação. Muitos destacam o risco crescente de um conflito global, enquanto outros apontam a volatilidade dos mercados, as mudanças climáticas e a inteligência artificial. “Esses riscos globais se misturam com preocupações pessoais e sociais, desde o futuro do trabalho e a disparidade de riqueza até o impacto da tecnologia sobre as famílias e as comunidades”, aponta o relatório.
Inteligência artificial: oportunidades e precauções
A inteligência artificial está transformando rapidamente tanto a esfera pessoal quanto a profissional das famílias mais abastadas do mundo. Dos entrevistados, 79% afirmam utilizar a IA para tarefas cotidianas, e 69% a utilizam para análise de dados, planejamento estratégico e eficiência operacional, destacando economias de custos e rapidez na obtenção de informações.
Cohen observa: “A IA está abrindo novas portas para as famílias e suas empresas, mas o verdadeiro sucesso está em equilibrar inovação com discernimento. A tecnologia é um poderoso facilitador, mas são os valores e o julgamento humanos que criam um impacto duradouro”.
Perspectivas de investimento em evolução: o poder da paixão
Os investimentos em ativos especializados estão moldando cada vez mais as carteiras das famílias mais ricas do mundo. Essas escolhas não são motivadas apenas por estratégias financeiras, mas também por uma paixão genuína e pelo desejo de deixar uma marca duradoura. Entre esses ativos, destacam-se equipes e estádios, bem como arte e automóveis, que combinam prazer pessoal com valor estratégico e financeiro.
Cohen aponta: “A propriedade deixou de ser um hobby para se tornar um negócio sofisticado e uma força unificadora para as famílias, oferecendo tanto retorno financeiro quanto oportunidades para influenciar a comunidade”.
Uma nova era de administração
Para os entrevistados, a verdadeira riqueza é medida menos pelo capital financeiro e mais pelo legado de valores, relacionamentos e impacto. Cohen continua: “As famílias mais duradouras lideram com propósito e princípios. Elas sabem que a verdadeira riqueza está nos valores que transmitem e no impacto que geram”.
A filantropia é fundamental nessa filosofia, e mais de 70% dedicam recursos para garantir que sua atuação filantrópica seja estruturada, responsável e significativa. Para muitos, a filantropia também é uma forma de unir a família e inspirar a próxima geração.
“Na América Latina, a riqueza familiar representa mais do que herança, pois simboliza um legado em transição entre gerações. A cibersegurança e as tensões geopolíticas são as principais preocupações para as famílias latino-americanas, que adotam uma abordagem proativa diante do risco e da resiliência ao mesmo tempo que mantêm seus valores e relacionamentos”, conclui Natacha Minniti, diretora da 23 Wall International e codiretora global de prática de escritório familiar na J.P. Morgan Private Bank.



