Os investidores recorrem cada vez mais à gestão ativa para reforçar a consistência de suas carteiras e aproveitar oportunidades de investimento específicas em um contexto de crescente incerteza econômica e volatilidade dos mercados, de acordo com o último Estudo Global de Perspectivas de Investimento da Schroders (GIIS).
O estudo, que abrange quase 1.000 investidores institucionais e gestores de patrimônio ao redor do mundo, com 67 trilhões de dólares em ativos sob gestão, revela que 80% dos investidores têm maior probabilidade de aumentar o uso de estratégias de investimento de gestão ativa no próximo ano. Segundo a gestora, esses resultados são consequência da notável volatilidade dos mercados no início do ano, provocada em grande parte pela decisão do governo dos EUA de introduzir tarifas comerciais generalizadas.
De fato, segundo a pesquisa, as tarifas foram identificadas por quase dois terços dos entrevistados (63%) como a maior preocupação macroeconômica, mais de seis vezes acima do segundo risco percebido (recessão econômica – 10%). Nesse sentido, é provável que essa incerteza comercial tenha levado mais da metade dos respondentes (55%) a apontar a “consistência da carteira” como a principal prioridade dos investidores para os próximos 18 meses.
Na verdade, 82% dos investidores que priorizaram a robustez das carteiras afirmaram de forma contundente que buscam cada vez mais aproveitar as vantagens da gestão ativa. “Isso ocorre porque dois dos principais fatores que levam os investidores a confiar na gestão ativa, segundo os resultados da pesquisa, são a possibilidade de identificar oportunidades de investimento (52%) e a construção de carteiras consistentes (48%).
Nas palavras de Johanna Kyrklund, diretora de Investimentos do Grupo Schroders: “A gestão ativa é indispensável em meio à fragmentação atual dos mercados.” Segundo sua análise, com quatro em cada cinco investidores dispostos a aumentar sua alocação em estratégias de gestão ativa este ano, fica claro que eles valorizam uma abordagem seletiva e flexível.
“Por trás desse comportamento está a situação dos mercados financeiros, que ainda estão se ajustando a taxas de juros estruturalmente mais altas, que em muitos casos foram prejudicadas pelos elevados níveis de endividamento. Isso levanta dúvidas sobre as tendências futuras do mercado e sobre o valor das estratégias passivas em um período de maior incerteza. A robustez das carteiras encabeça a lista de prioridades dos investidores, que nesse ambiente confiam na gestão ativa para navegar pela complexidade, construir portfólios consistentes e aproveitar oportunidades,” acrescenta Kyrklund.
Busca por rentabilidade
A pesquisa deixa claro que os investidores buscam ativamente oportunidades que permitam obter rentabilidade tanto nos mercados públicos quanto nos privados.
A renda variável (46%) e o private equity (45%) foram apontados como as classes de ativos preferidas para buscar retorno no ambiente atual. Em particular, 51% acreditam que a renda variável gerará retornos atraentes, considerando que a renda variável global apresentará os melhores resultados.
A gestora explica que essa abordagem reflete o interesse dos investidores em reduzir o risco de concentração e aumentar a diversificação de suas carteiras além das empresas americanas de megacapitalização, já que 74% dos investidores entrevistados apontaram o S&P 500 como o índice que mais os preocupa em termos de concentração de mercado.
Além disso, entre os investidores focados em renda variável, 53% preferem estratégias ativas para maximizar o potencial de rentabilidade, superando amplamente as abordagens passivas (10%).
Por fim, também se destaca que, no private equity, 65% dos investidores consideram atraentes as aquisições de pequena e média capitalização, “o que reflete um maior interesse por investimentos de alta convicção com potencial de crescimento transformador e maior probabilidade de estarem isolados das tensões comerciais globais,” comentam da gestora.
Ferramentas para geração de renda
De acordo com as conclusões, a geração de renda também está evoluindo de uma alocação tradicional em renda fixa para uma estratégia multicanal ajustada ao risco, que inclua títulos tradicionais, dívida corporativa e classes de ativos dentro da dívida privada e do crédito alternativo (DPAC).
A dívida privada e o crédito alternativo foram apontados por 44% dos investidores globais como a opção de investimento mais atraente para geração de renda nos próximos 12 meses. Essa opção foi seguida pela renda variável de alto rendimento (41%) e pelos títulos corporativos públicos ativos (33%).
Chama a atenção o crescimento das fontes alternativas de renda. Entre os investidores que identificaram a dívida privada e o crédito alternativo como um dos três principais geradores de renda para o próximo ano, a dívida de infraestrutura e os produtos securitizados foram alternativas populares aos empréstimos diretos, com 63% e 60% dos investidores, respectivamente, classificando-os como uma das três principais classes de ativos para obter renda ajustada ao risco.
Além disso, quase dois terços dos gestores de patrimônio que escolheram a dívida privada e o crédito alternativo destacaram os produtos securitizados como a melhor oportunidade de investimento para obter rentabilidades ajustadas ao risco (64%), seguidos pela dívida de infraestrutura (60%) e pelos empréstimos diretos (56%). Isso contrasta com os investidores institucionais, que apontaram os empréstimos diretos como a melhor opção (73%), seguidos pela dívida de infraestrutura (64%) e pelos produtos securitizados (58%).
“Os investidores optam pela diversificação em renda variável global e no private equity especializado e de alta convicção para buscar rentabilidade de longo prazo. Ao mesmo tempo, a busca por renda está evoluindo, com maior ênfase em estratégias multicanal ajustadas ao risco, como a dívida de infraestrutura e o crédito securitizado. Nesse contexto, fica claro por que os investidores recorrem à gestão ativa e a uma combinação de mercados públicos e privados,” conclui Kyrklund.