No primeiro semestre de 2025, os mercados latino-americanos tiveram uma forte recuperação — o S&P Latin America BMI subiu 30,8% no período — e, ainda assim, a capacidade dos fundos ativos de superar seus benchmarks foi desigual por país e por classe de ativo, revela o relatório semestral da S&P Global para a América Latina.
O México mostrou a maioria dos fundos de renda variável atrás do índice (63,6% em 6 meses); Chile e Brasil tiveram melhores resultados em ações locais (menos da metade dos fundos chilenos e brasileiros ficaram para trás no semestre), enquanto na renda fixa brasileira a ampla maioria dos fundos perdeu para suas referências (95,7% em corporativos; 77,2% em públicos).
Em um horizonte de 10 anos, o padrão volta a ser o habitual do relatório SPIVA da S&P: a maioria dos fundos é superada por seu benchmark em praticamente todas as categorias, com taxas que em vários casos superam 80%-90%.
No capítulo de contexto de mercado, o relatório ressalta que a região superou claramente o mundo desenvolvido na primeira metade do ano: o S&P Latin America BMI superou o S&P World Index em 20,7 p.p. em dólares.
Além disso, observou-se uma assimetria interessante entre a proporção de ações que perdem versus a de fundos que perdem, especialmente no Brasil e no Chile, onde — ao contrário do histórico — os gestores tiveram um desempenho levemente melhor do que “deveriam”, se seguisse a proporção de componentes abaixo do índice.
México, o mercado mais difícil para a gestão ativa
O relatório aponta o México como o mercado mais difícil para a gestão ativa de ações em 2025 (YTD): com o S&P/BMV IRT +18,6% no semestre, 63,6% dos fundos ficaram atrás do índice. Em prazos mais longos, o desafio aumenta: 50,0% (1 ano), 60,5% (3 anos), 69,0% (5 anos) e 73,2% (10 anos) ficaram atrás.
O fundo mediano teve –1,5% de excesso em 2025 , +0,3% em 1 ano e resultados negativos de –1,0%, –2,7% e –2,8% em 3, 5 e 10 anos, respectivamente. O México também apresenta altas taxas de sobrevivência de fundos de ações (100% em 6 meses, 1 e 3 anos; 97,6% em 5 anos; 82,9% em 10 anos).
O relatório destaca um ponto relevante: os fundos grandes (ponderados por ativos) tiveram desempenho pior que os pequenos no semestre (9,8% vs. 14,1% equiponderado), o que sugere que o tamanho pode ter sido um obstáculo para capturar o rali.
Forte liderança das mid & small caps no Brasil
No Brasil, o S&P Brazil BMI avançou +16,3% no semestre, com forte liderança das mid & small caps (S&P Brazil MidSmallCap +24,0%) em relação às large caps (+13,3%). Isso se refletiu na avaliação SPIVA: 61,4% dos fundos de capitalização média/baixa ficaram atrás do benchmark em 2025YTD; em contrapartida, a subcategoria de large caps teve uma taxa de desempenho inferior de apenas 18,5%, e para a categoria ampla de ações Brasil foi de 36,5%.
No entanto, no horizonte de 10 anos o quadro volta a ser desfavorável para a gestão ativa: 86,0% (ações Brasil), 66,3% (large cap) e 85,3% (mid/small) foram superados por seus índices. Na renda fixa brasileira, a dificuldade é ainda maior: em 2025, 95,7% dos fundos de títulos corporativos e 77,2% dos títulos públicos ficaram atrás; em 10 anos, 70,5% (corporativos) e 90,5% (públicos) também perdem frente às suas referências.
Um bom momento para a renda variável chilena
O Chile foi um dos mercados com melhor desempenho: o S&P Chile BMI +23,0% no semestre. Menos da metade (45,0%) dos fundos chilenos de ações ficaram atrás em 2025YTD, embora a taxa varie conforme o horizonte: 59,5% (1 ano), 35,7% (3 anos), 65,3% (5 anos) e 93,3% (10 anos).
O fundo mediano superou levemente o benchmark (+0,2%) no semestre, mas apresentou –1,5% em 10 anos. Nos seis meses, houve relação inversa entre tamanho e retorno: equiponderado +31,8% vs. ponderado por ativos +21,7%; no entanto, em 10 anos ambos registraram retornos semelhantes (8,4% vs. 8,3%).



