O banco suíço Julius Baer manteve sua recomendação neutra para ações brasileiras e a classificação Buy/Speculative para os títulos soberanos do país, mesmo após o anúncio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que irá aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA a partir de 1º de agosto.
Em nota assinada por Eirini Tsekeridou, analista de renda fixa do banco, a instituição avaliou que “os riscos macro parecem contidos por ora”, lembrando que o Brasil continua sendo uma economia relativamente fechada, com exportações para os EUA equivalentes a cerca de 2% do PIB, concentradas em commodities como petróleo, ferro, aço, metais e café.
A reação inicial dos mercados incluiu a desvalorização de 2% do real, parcialmente revertida no dia seguinte, uma queda de 1,3% no índice de ações locais e um aumento de 4 pontos-base nos juros dos títulos soberanos de 10 anos. Segundo Tsekeridou, “esperamos que o real permaneça fraco até que a poeira da disputa comercial baixe”.
O comunicado de Trump especifica que a nova tarifa será “separada de todas as tarifas setoriais”, o que implica que será adicionada às taxas já vigentes para setores como aço e alumínio.
A medida pegou o mercado de surpresa, especialmente porque, desde 2 de abril, o Brasil estava incluído em um regime de tarifa universal de 10%. Além disso, o país tem uma leve balança comercial deficitária com os EUA, o que sugere que o anúncio tem motivação mais política do que comercial, segundo a Julius Baer.
Trump afirmou ainda que empresas brasileiras que aumentarem produção e investimento nos Estados Unidos poderão ser isentas da tarifa. Caso o Brasil adote medidas retaliatórias, a tarifa brasileira sobre produtos dos EUA “será somada aos 50% já anunciados”.
Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que poderá usar a Lei da Reciprocidade Econômica se a medida for mantida.
Apesar da tensão comercial, o Julius Baer considera que os impactos econômicos no Brasil devem ser limitados e que a capacidade do país de redirecionar exportações a outros mercados ajuda a mitigar riscos. A casa segue monitorando a volatilidade, mas mantém sua visão cautelosa no curto prazo sobre o mercado acionário brasileiro.