Os fundos de private equity movimentaram R$ 6,8 bilhões no segundo trimestre de 2025, distribuídos em 16 operações. O volume representa um aumento de 3% em relação ao primeiro trimestre do ano, que registrou R$ 6,6 bilhões em 18 transações. Na comparação com o mesmo período de 2024, quando foram investidos R$ 800 milhões em 17 operações, a alta é expressiva.
Os dados são do relatório trimestral da ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital), elaborado em parceria com a TTR Data, e consideram os valores públicos divulgados nas transações.
Entre os destaques do trimestre, estão o investimento de R$ 4,2 bilhões na Serena Energy, feito pela Actis e GIC, e o aporte de R$ 1,06 bilhão na GSH Corp Participações, realizado pela CVC Capital Partners. A Lorinvest e a Orion Resource Partners também participaram de uma rodada relevante, com R$ 696 milhões aportados na New Wave Tech.
De acordo com o relatório, os setores com maior volume de aportes no primeiro semestre foram Energia (54,5%), Consumo, Produto e Serviços (20,1%), Serviços Financeiros (5,8%) e TI (5,4%).
No mesmo período, os fundos realizaram 13 saídas, sendo 10 por meio de trade sale e 3 via secondary buyout, totalizando R$ 1,5 bilhão.
“Os dados mostram que, apesar do cenário desafiador, a indústria de private equity continua ativa, com um desempenho trimestral superior ao do ano anterior e estável em relação aos três primeiros meses de 2025. Também observamos que mesmo com uma janela de IPOs fechada, os gestores seguem buscando alternativas de saídas estratégicas”, afirmou Priscila Rodrigues, presidente da ABVCAP.
Venture capital registra queda de 33% no trimestre e 60% na comparação anual
As gestoras de venture capital investiram R$ 1 bilhão em 20 transações no segundo trimestre de 2025. O número representa queda de 33% em relação ao trimestre anterior (R$ 1,5 bilhão em 24 transações) e de 60% na comparação com o mesmo período de 2024, quando 33 operações movimentaram R$ 2,5 bilhões.
Entre os principais investimentos, estão os R$ 240 milhões captados pela Onfly, com participação de Cloud9 Capital, Endeavor Catalyst, Left Lane Capital e Tidemark, e os R$ 168 milhões levantados pela Mombak Gestora de Recursos, com aportes da AXA IM – Real Assets, Bain Capital, CCP FIP, Kaszek Ventures, Lowercarbon Capital e Union Square Ventures (USV). A Justos também arrecadou R$ 92 milhões com apoio de Endeavor Catalyst, Kaszek Ventures, Ribbit Capital e Scale-Up Ventures.
No acumulado do semestre, o setor de TI foi o principal destino dos investimentos, com 46,93% do total. Serviços Financeiros representaram 32,77% e Consumo, Produtos e Serviços, 13,94%. No mesmo período, foram realizadas 14 saídas, sendo 13 via trade sale e uma transação secundária.
“De fato, há uma redução do volume de capital disponível, especialmente quando comparado ao período de 2021 e 2022. Os investidores estão mais seletivos, mas ainda há bons deals sendo feitos. Lembrando que essa é uma indústria de longo prazo, que deve ser sempre avaliada levando em consideração esse aspecto. O cenário macro, sobretudo de juros altos, não tem nos ajudado muito, mas de certa forma somos uma indústria que está acostumada a ambientes voláteis”, comentou Priscila.
Corporate Venture Capital acompanha retração e fecha trimestre com R$ 10,5 milhões
Os investimentos de Corporate Venture Capital (CVC) totalizaram R$ 10,5 milhões em três transações no segundo trimestre de 2025. O volume representa uma retração de 62% frente ao trimestre anterior (R$ 300 milhões em oito operações) e de 85% na comparação anual (R$ 200 milhões em 20 transações).
No semestre, 50% dos investimentos se concentraram no setor de TI, enquanto Serviços Financeiros responderam por 25% e os setores de Healthcare e Consumo, Produto e Serviços ficaram com 13% cada.
“Os dados mapeados mostram que o mercado segue oscilando e sofrendo os impactos de acordo com o cenário político e econômico nacional e internacional, algo percebido também em outros países mapeados pela TTR Data”, disse Wagner Rodrigues, diretor da TTR Data.