A Associação Espanhola de Empresas de Assessoria Financeira (Aseafi) reuniu mais de 150 profissionais das principais firmas do setor para analisar como o investimento alternativo, a transformação tecnológica e a sustentabilidade estão redefinindo o futuro da assessoria financeira.
A nova edição do Aseafi Alternative & Private contou com uma acolhida institucional conduzida por Carlos García Ciriza, presidente da Aseafi, na qual ele ressaltou que “a assessoria financeira deve manter uma visão global, independente e adaptada a um ambiente em constante mudança para ser realmente útil à sociedade” e destacou o papel essencial dos ativos alternativos para diversificar carteiras e reduzir riscos.
A investimento alternativo e os mercados privados ganham peso nas carteiras
Na primeira mesa-redonda, intitulada “Democratização, fundos evergreen / semilíquidos: desafios e oportunidades”, Sonia Grandes Barco, Global Head of Alternative Client Solutions da Allfunds, explicou que a expansão desse tipo de veículo “está aproximando o capital privado do investidor de varejo, favorecendo a democratização do acesso”. Por sua vez, Cipriano Sancho, responsável por Investimentos Alternativos da Santander Asset Management, afirmou que esse crescimento responde à demanda por acesso aos mercados privados, já que “proporcionam vantagens operacionais e eliminam os chamados de capital”, embora tenha ressaltado que “a liquidez deve ser gerida com prudência”.
Além disso, Agustín Bircher Rourich, Chief Investment Officer da Santalucía Asset Management, afirmou que “os fundos evergreen funcionam melhor em ambientes estáveis e com grandes volumes”, mas alertou que seu sucesso também depende de quem são os coinvestidores, “especialmente se forem de varejo ou institucionais”.
Na segunda mesa-redonda, sob o título “O momento dos secundários: entendendo o crescimento e as oportunidades do mercado”, Francisco Rosique, diretor da Nord Holding, destacou que os fundos secundários chegaram para ficar, consolidando-se como uma classe de ativo necessária que oferece implantação imediata e investimento em empresas já conhecidas. Além disso, apontou que a geração de alfa “está na originação de oportunidades” e que o segmento small cap apresenta maior potencial em relação aos grandes fundos, destacando ainda que “os veículos de continuidade são uma boa estratégia quando se busca dar continuidade a planos existentes”.
Por sua vez, Diego González, sócio da Cobalto, explicou que “90% das transações secundárias vêm do private equity” e que o maior crescimento virá do segmento de infraestrutura. Também observou que “os fundos imobiliários oferecem oportunidades, embora os preços elevados dificultem as saídas” e alertou que “o venture capital continua sendo um campo complexo e de maior risco para o investidor”.
Tendências
O bloco final do evento contou com a mesa-redonda “Produtos alternativos e banca privada. Situação em 2025 e tendências”. Nela, Guillermo Santos, sócio da iCapital, advertiu que “a democratização do investimento em ativos privados, quando mal conduzida, pode ser negativa”, defendendo a necessidade de planejamento e diversificação em produtos ilíquidos. “A chave está na experiência e antecipação dos gestores”, afirmou.
Da mesma forma, Georgina Sierra, diretora de Análise e Ativos Financeiros da DiverInvest, deixou claro que “a democratização dos produtos alternativos só pode ser positiva se vier acompanhada de uma boa assessoria”, acrescentando que “o papel do assessor é desenhar estratégias personalizadas”. Ela também destacou que “os fundos secundários são uma boa porta de entrada em momentos de incerteza”.
Enquanto isso, José Cloquell, diretor de Investimentos Ilíquidos da Diaphanum S.V., explicou que “as taxas de juros ditam o ritmo e exigem adaptar os investimentos e ser mais rigorosos com os retornos”. Também sublinhou que “é fundamental conhecer como os gestores atuam em diferentes cenários” e que “os fundos evergreen ainda não têm demanda real do investidor”.
O encerramento do encontro ficou a cargo de Wissem Souss, CEO da Dasseti, com a palestra “How Digitization, Automation, and AI Are Reshaping Fund Due Diligence and Distribution”. O especialista revelou que a digitalização, a automação e a inteligência artificial estão transformando os processos de análise e distribuição de fundos, de tal forma que alcançaram reduções de 90% nos tempos relacionados às due diligence, precisão de 99% e uma satisfação média de 4,8/5 entre os usuários.



