Com a instabilidade no cenário local e a concentração do mercado brasileiro em renda fixa e crédito, investidores de diferentes perfis têm buscado cada vez mais exposição ao exterior — ainda que sem sair do Brasil. Segundo Bernardo Queima, CEO da gestora Gama Investimentos, esse movimento tem impulsionado a demanda por fundos feeders com proteção cambial, voltados a estratégias internacionais.
“Estamos vendo uma boa demanda, nossos fundos estão crescendo”, diz Queima, em entrevista a Funds Society. Ele destaca o aumento da procura no público institucional, também citando movimentos relevantes no varejo. “A gente vê uma demanda boa de institucional, de fundos de pensão públicos e privados, mas também de wealth managers”.
De acordo com Queima, há um movimento claro de busca por diversificação internacional. “Com toda essa volatilidade do Brasil, o investidor entende que deve aportar mais no internacional”, disse. “Tem mais demanda pelo internacional e hedgeado. Acho que o mercado brasileiro ficou muito monotemático, majoritariamente em renda fixa e crédito.”
E a segurança contra a volatilidade cambial tem ajudado os fundos da Gama. “Aquele investidor que poderia alocar lá fora, mas não quer porque o câmbio está supervolátil, está fazendo as coisas conosco, com fundos hedgeados no Brasil.”
Até CDI +5%
Hoje, a grade da Gama tem atraído investidores com fundos de renda fixa com retornos acima do CDI, diz o CEO. “Se olha a nossa grade hoje, eu tenho fundo rendendo CDI +2%, CDI +3%, CDI +4%, CDI +5%. Tem uma ampla grade na renda fixa que está gerando resultado pra gente.”
A Gama também prepara novas frentes. “Estamos lançando uma estratégia evergreen de Private Equity no mês que vem com um grande banco brasileiro. Devemos lançar também algo na parte de private credit, onde estamos bem ativos.”
A captação do ano é positiva, ainda que marcada por oscilações. “Em nosso maior fundo, Oaktree Global Credit, tivemos uma troca bem grande de passivo, com um fluxo de saída no ‘Liberation Day’, onde captamos R$ 800 milhões, mas perdemos por volta de R$ 700 milhões”
Sobre o comportamento do investidor brasileiro diante da volatilidade, Queima observa: “Fazemos um grande esforço educacional. Quando o cara vê volatilidade lá fora, é mark-to-market, o mercado reprecifica as coisas. No Brasil, quando há volatilidade na renda fixa, o pessoal se assusta. Quando o ‘vol’ aumenta, há uma saída significante das pessoas físicas.”