Com o pano de fundo de um momento extremamente particular nos mercados internacionais, dada a política agressiva de comércio internacional adotada pela Casa Branca, nos EUA, a mensagem da DAVINCI Trusted Partner em sua turnê pela América do Sul tem sido buscar oportunidades e ideias de investimento em outros espaços. Embora o país norte-americano continue sendo relevante, apontaram os especialistas reunidos pela firma rioplatense diante de grupos de investidores em quatro das principais capitais financeiras latino-americanas, existem outras opções como Europa, Japão e ativos semilíquidos.
A sexta edição do Investment Masterpiece, o evento emblemático da empresa, percorreu na semana passada os bairros financeiros de São Paulo, Buenos Aires, Santiago do Chile e Montevidéu – nos dias 12, 13, 14 e 15 de maio, respectivamente – apresentando estratégias de renda variável, multiactivos e semilíquidos como opções para cumprir os três pontos-chave delineados pela casa de distribuição: diversificar, reduzir a volatilidade das carteiras e descorrelacionar investimentos.
É necessário “globalizar as carteiras”, indicou James Whitelaw, Managing Director da DAVINCI, acrescentando que, sem eliminar totalmente a exposição aos EUA, estão observando uma variedade de oportunidades fora do país norte-americano.
Ampliando a visão
“Estes são tempos muito turbulentos”, advertiu Christopher Holdsworth, Chief Investment Strategist da Investec, ao subir ao palco. O problema subjacente, para o profissional, é o crescimento do custo de financiamento do governo dos EUA, que atualmente está utilizando entre 3,5% e 4% do PIB para pagar juros financeiros.
Para o executivo, isso provocou tensões em torno do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), que tem feito um esforço – com resultados duvidosos – para cortar os gastos fiscais e as tarifas para todos os países do mundo. “Isso significa que algumas formas de tarifas vão se manter”, apontou Holdsworth.
Além disso, sinais de preocupação são visíveis no horizonte. Embora o investidor de varejo local continue apostando na renda variável norte-americana, há uma queda na confiança dos consumidores, cujas principais preocupações são o desemprego e a inflação. Nessa linha, o executivo da Investec prevê que “os dados duros vão começar a cair”, já que há indícios recentes de uma queda no excesso de poupança das famílias e um aumento na inadimplência.
“O principal prejudicado está sendo os EUA”, indicou em sua apresentação. No entanto, isso também abre oportunidades: embora normalmente os dilemas idiossincráticos dos EUA enfraqueçam o dólar, agora o greenback tem se mantido forte. Isso, para a Investec, significa que “há oportunidades fora dos EUA” e que “precisamos concentrar nossa atenção” fora do país.
Considerando a sobrevalorização dos ativos norte-americanos – enquanto, fora dos EUA, os preços parecem mais “normais” – e a dinâmica particular demonstrada pelo dólar e pelo título do Tesouro dos EUA, este já não é visto como um ativo de refúgio, embora provavelmente continue tendo seu espaço como reserva de valor, indicou.
Nesse sentido, a Investec tem reduzido o peso relativo dos EUA em suas estratégias multiactivos balanceada e cautelosa, colocando mais ênfase em ativos da Europa, mercados emergentes e Japão, com interesse particular no iene.
Encanto europeu
Nesse contexto, em que os investidores coçam a cabeça observando o futuro dos EUA, uma região tem ganhado destaque nas conversas sobre mercados: a Europa.
O continente, explicou Niall Gallagher, Investment Manager de European Equities da Jupiter Asset Management, “está em uma conjuntura muito interessante”, o que aumenta seu apelo como destino de investimento.
Além das valorizações – mais atrativas que nos EUA – a gestora sediada em Londres vê um potencial vento a favor do lado dos fluxos. À medida que a proeminência das ações norte-americanas tem aumentado nos índices globais, a ponderação das bolsas da Europa e do Japão tem diminuído.
O que isso significa? “Se houver uma grande mudança nos fluxos para fora dos EUA, a Europa está bem posicionada”, assegura Gallagher. Além disso, acrescentou, o Velho Continente oferece um “mercado relativamente diverso”, o que se torna especialmente relevante quando a concentração de mercado – especialmente no que diz respeito às empresas de tecnologia nos EUA – se torna “cada vez mais desconfortável”.
A incerteza política nos EUA, pontuou Santiago Mata, Sales Manager for LATAM and US Offshore da gestora, “é algo com o qual temos que nos acostumar”, em um momento em que – além disso – a correlação entre ações e títulos tem colocado em dúvida o tradicional portfólio 60/40.
Mercados privados
Os ativos alternativos, uma categoria de crescente interesse para bancos privados e canais de wealth management, também tiveram seu espaço privilegiado no Masterpiece da DAVINCI, com a participação da Brookfield Oaktree Wealth Solutions.
Óscar Isoba, Managing Director and U.S. Offshore and LATAM Head da firma, enfatizou o papel crucial desempenhado pela criação das estratégias semilíquidas na democratização da classe de ativos.
Diante de audiências latino-americanas que recorrem cada vez mais aos mercados privados em busca de maior retorno e menor volatilidade, o profissional destacou o papel dos assessores em acelerar essa tendência. Embora a América Latina esteja relativamente atrasada nessa adoção, é um fenômeno que está ocorrendo na região, descreveu.
“Estamos trazendo soluções institucionais para o segmento de alta renda”, ressaltou Isoba. Para os investidores que estão começando a construir sua carteira de alternativos, o profissional recomendou começar pelo crédito privado. Essa categoria, descreveu, é “consistente” historicamente, mesmo em períodos de maior inflação.
O poder da tecnologia
O evento também destacou a relevância do papel da tecnologia na gestão de ativos. Michael Heldmann, CIO de Systemic Equity da Allianz Global Investors – que também envolve sua parceira, Voya Investment Management – falou sobre a estratégia Best Styles Global Equity, um fundo de renda variável global que utiliza tecnologia de big data, inteligência artificial e poder computacional para otimizar os retornos.
Como funciona essa lógica? Através do poder humano do conhecimento e da experiência dos profissionais envolvidos e dos sistemas tecnológicos aplicados em seu processo de investimento nos últimos 25 anos – com bons resultados, garantem – identificaram diferentes tipos de empresas. Isso inclui ativos “baratos”, empresas que participam de tendências positivas e empresas defensivas.
Com isso, categorizaram cinco estilos de investimento: value, momentum, revisions, growth e quality.
A tecnologia também permitiu minimizar os “riscos sem remuneração” – flutuações cambiais, preços de commodities etc. – e potencializar o retorno, graças à inteligência artificial.