A Crown anunciou o início de suas operações no Brasil e o lançamento da BRLV, uma stablecoin atrelada ao real (BRL) e 100% lastreada em títulos do governo brasileiro. A fintech estreia com mais de R$ 200 milhões subscritos e busca se consolidar como referência em emissão de moedas digitais em reais.
A empresa foi capitalizada por uma rodada seed de US$ 8,1 milhões, que contou com participação de Framework Ventures, Valor Capital Group, Coinbase Ventures, Norte Ventures, Paxos e Edward Wible, cofundador do Nubank, que também integra o conselho da Crown. Os recursos serão direcionados ao desenvolvimento de produtos e à expansão no mercado.
Segundo John Delaney, cofundador e CEO da Crown, “a BRLV é totalmente lastreada por títulos públicos do governo brasileiro, que é considerado um dos mais seguros e atrativos do mundo. No entanto, o acesso ao real ainda é um desafio para as instituições. Com a BRLV, estamos construindo uma infraestrutura financeira que permite às instituições acessarem a moeda de forma estratégica, com mecanismos integrados à conformidade regulatória e liquidez”.
Delaney destacou ainda que a estrutura da stablecoin “permite compartilhar parte do rendimento das reservas — as LFTs — com parceiros institucionais”.
A BRLV segue o modelo das principais stablecoins atreladas ao dólar, mas se diferencia por ser lastreada exclusivamente em títulos públicos brasileiros e por conceder aos detentores um direito legal pleno sobre as reservas.
O time fundador da Crown reúne profissionais com experiência em fintechs e finanças globais. Além de Delaney, o grupo é composto por Vinicius Correa (engenheiro-chefe e ex-Nubank), Alex Gorra (head de Ecossistema, ex-Brainvest) e Bruno Passos (COO e ex-Hashdex). André Lara Resende, um dos autores do Plano Real, atua como consultor estratégico.
Para Vance Spencer, cofundador da Framework Ventures, “achamos que a Crown pode se tornar a Circle do Brasil. Enxergamos a abordagem da Crown como o próximo passo natural na evolução das stablecoins — oferecendo às fintechs uma nova peça central de infraestrutura e atraindo fluxos institucionais de investidores globais com acesso direto e sem fricções às taxas de juros locais”.
Na mesma linha, Bruno Batavia, head de Tecnologias Emergentes do Valor Capital Group, afirmou que “a companhia está criando a próxima infraestrutura financeira para os mercados emergentes. A combinação de solidez regulatória, inovação tecnológica e foco em eficiência torna a BRLV um elemento fundamental para ampliar o acesso global ao real e fortalecer o ecossistema digital do Brasil”.
A Crown afirma que a BRLV foi projetada para atender demandas institucionais diversas, como plataformas de tokenização, fintechs e investidores institucionais qualificados. A moeda pode ser usada em operações de liquidação, gestão de tesouraria e acesso a estratégias de carry trade em reais.
O protocolo da stablecoin foi desenvolvido em conformidade com as diretrizes do Banco Central para provedores de serviços de ativos virtuais (VASPs), com assessoria jurídica de Pinheiro Neto Advogados e escritórios internacionais especializados.
“A Crown traz um novo modelo de stablecoin para mercados emergentes: criado desde o primeiro dia para maximizar a segurança, a conformidade regulatória e a atratividade geral para parceiros institucionais”, disse Delaney.
A fintech define sua missão como a de “redefinir o funcionamento do dinheiro digital em mercados emergentes”, oferecendo ao real um papel central em aplicações financeiras e Web3 em escala global.