O Bram (Bradesco Asset Management) vem consolidando um novo escritório em Miami como parte da estrutura do Bradesco Bank, reforçando sua presença internacional como gestora, em um movimento alinhado ao crescimento da demanda por soluções offshore entre investidores brasileiros.
A unidade, que vem sendo implementada desde o início do ano, passa a operar como hub global para a seleção de gestores internacionais, relacionamento com clientes institucionais estrangeiros e atendimento ao público de alta renda.
A expansão está estruturada em três pilares: o fortalecimento de relações institucionais com alocadores globais, a ampliação da oferta de produtos para clientes Private e a inclusão do segmento Principal, destinado a afluentes — formado por clientes a partir de R$ 300 mil em patrimônio — que agora vão poder ter conta corrente e acesso a produtos de investimento nos Estados Unidos.
“Decidimos junto ao Bradesco, fazer parte do Bradesco Bank em Miami como mais uma linha de negócios. Eles já têm morgage e real estate, e desenvolveu mais a área de private, desde o ano passado oferecendo maior atendimento aos clientes afluentes”, diz Priscila Ramirez, head de Business Development, em entrevista a Funds Society.
“Somos uma instituição com presença global antiga. Desde 2008 o Bradesco já tem uma estrutura para atender investidores estrangeiros, com diversas parcerias internacionais”.
Varejo High Net Worth mostra demanda offshore
Atender ao público High Net Worth do Brasil é um dos focos do Bram nos Estados Unidos. A executiva, há 14 anos no Bradesco, explicou que a presença física em Miami atende à evolução do perfil de alocação dos investidores brasileiros.
“Vemos cada vez mais uma alocação estrutural. Antigamente o cliente ia muito no tático, focado em dólar. Agora, clientes de todas as faixas estão olhando offshore de forma permanente”, diz Ramirez, que responde a três executivos: Bruno Funchal, CEO da Bram; Ricardo Eleutério, COO; e Henrique Lima, presidente do Bradesco Bank.
Ela ressalta que, diferentemente de alguns concorrentes que oferecem apenas contas de corretagem, o Bradesco Bank fornece serviços bancários completos. “Os clientes poderão ter acesso a toda uma estrutura bancária e não só a uma ampliação na carteira de investimento”, frisou.
“Miami é uma peça importante para o cliente brasileiro que busca diversificação internacional”, diz. Segundo ela, dez gestores internacionais já foram selecionados para participar da operação, com feeders, oferecendo um portfólio inicial de 50 fundos.
Hoje, a área de gestores globais tem R$ 10 bilhões sob gestão, dos R$ 930 bilhões AUM do Bram, equivalente a 8,5% do market share do setor.
Expansão amplia relação com investidores e gestores globais
Uma das vantagens da operação estar em Miami é o estreitamento das relações com investidores institucionais e gestores globais, conta Ramirez.
“Temos uma equipe que viaja constantemente a Miami, Londres, Nova York e Luxemburgo para encontrar gestores e trazê-los ao Brasil”. Agora, esse time ficará alocado na cidade americana. “Pretendemos ganhar mais eficiência e agilidade, conseguindo mais capacity com esses gestores terceiros. Os relacionamentos de longo prazo que temos com esses parceiros permitem condições melhores para nossos clientes”, afirmou.
A Bram também atua agora como asset manager local regulada pela SEC (U.S. Securities and Exchange Commission), o que, segundo Priscila, “nos permite atender investidores estrangeiros, atuar como asset local e reforçar nossa credibilidade internacional”. De acordo com a executiva, a operação também permite aproximação de fundos de pensão internacionais, que a gestora costuma atender.
Outro lado da expansão do Bram para Miami tem como objetivo uma ampliação do portfólio de produtos e serviços para os clientes Private do Bradesco, segundo Ramirez.
“Nossa intenção não é só ofertar mais fundos, mas também trazer soluções de investimento completas, como carteiras administradas e outros serviços que fazem sentido estarem dentro do grupo e não com terceirizados.”