BBVA tem um objetivo agressivo de crescimento em global wealth, e a unidade dos Estados Unidos ocupará um papel muito relevante, contribuindo com a maior parte do crescimento dos ativos sob gestão, assegurou à Funds Society, em entrevista exclusiva, Humberto García de Alba, novo CEO desde meados de maio da BBVA Global Wealth Advisors (BBVA GWA), com sede central em Miami.
O banco de origem espanhola iniciou um novo ciclo estratégico de cinco anos, e o BBVA GWA tem como objetivo “multiplicar por várias vezes” seus AUMs até 2029, indicou. “Os Estados Unidos vão desempenhar um papel-chave por sua importância na região e por ser o mercado que é. O objetivo é crescer muito e rapidamente”, antecipou o executivo.
Apoiando-se em suas três plataformas de global wealth (Suíça, Espanha e Estados Unidos), o BBVA oferece aos seus clientes latino-americanos soluções complementares e integrais, por meio do trabalho de equipes locais e internacionais de Wealth Planners, Investment Counselors e Financial Advisors.
Com esse esquema, o BBVA GWA planeja ampliar e diversificar “de forma relevante” sua base de clientes latino-americanos de alto patrimônio. Atualmente, 95% são mexicanos, embora estejam adicionando clientes do Peru e da Colômbia; em breve também ganharão presença no Uruguai, afirmou o CEO na entrevista.
Nos EUA, além da sua base central em Miami, conta com escritórios também em Houston, por ora.
O CEO anunciou que a unidade está lançando agora a gestão discricionária, com uma equipe de investimentos liderada por Víctor Piña, CIO do BBVA GWA. No entanto, o peso do negócio de advisory é relevante, segundo assegurou García de Alba, já que “o cliente latino-americano quer manter essa decisão final sobre seu patrimônio em um percentual relevante; é um cliente que tem pouca tendência a ceder a discricionariedade”, reconheceu.
Uma oportunidade à vista
“Existe uma oportunidade muito clara para o BBVA no negócio de Wealth, já que o cliente latino-americano, por múltiplas causas, tem uma parte relevante de seu patrimônio financeiro fora de seu país de origem. No contexto atual, as diferentes unidades internacionais direcionadas a esse tipo de cliente têm alta prioridade”, explicou o executivo.
“O BBVA vem apostando fortemente no negócio de Wealth durante o ciclo anterior. O banco está muito bem posicionado na Espanha, Turquia, Suíça e Portugal na Europa, e na América Latina tem uma presença local muito relevante, especialmente no México, Peru, Colômbia e Uruguai”, apontou.
Nos Estados Unidos, a presença do BBVA no negócio de Wealth Management internacional tem 30 anos de história, apenas viveu um parêntese em razão da venda em 2021 do BBVA Compass para o PNC Financial Services, até a reabertura do escritório do BBVA GWA em Miami dois anos depois. Na Suíça, essa unidade já tem 50 anos; na Espanha, esse tipo de serviço é relativamente novo para o banco.
Um esquema para crescer
“Nós estamos crescendo em velocidades muito rápidas”, descreveu García de Alba à Funds Society, ao mesmo tempo em que explicou que, por questões tanto regulatórias quanto práticas e logísticas, colaboram “estreitamente” com os banqueiros locais do Grupo BBVA, “porque consideramos importante a relação diária de confiança com nossos clientes”.
De nacionalidade mexicana, o novo CEO está há mais de duas décadas no grupo espanhol. “O que construímos nesses anos é que essa relação de confiança seja facilmente expandida para o internacional”, destacou, pois essa relação com o banqueiro local facilita a comunicação e o acesso do cliente aos especialistas e às soluções globais que a GWA oferece a partir de suas plataformas nos EUA, Suíça e Espanha. “Construímos os canais, os meios, as plataformas, para que essa comunicação aconteça de forma muito fácil e muito rápida”, detalhou.
O BBVA GWA oferece aos seus clientes uma estratégia global única que é abordada em três camadas, explicou o executivo. “Temos a área de Wealth Planning, como um guia para soluções familiares em situações como sucessões, fideicomissos, trusts, etc. Depois, temos a figura do Investment Counselor há cerca de 20 anos. Trata-se de um especialista dedicado 100% do seu tempo ao tema de investimentos. E no centro da nossa proposta está nosso Relationship Manager, nosso assessor local ou internacional, dependendo da figura existente em cada local. Então, com toda essa estrutura, é assim que atendemos o cliente” de alto patrimônio.
García de Alba também destacou o fato de que o BBVA GWA está constituído como uma RIA, o que faz com que o dever fiduciário ajude a garantir uma maior aliança de interesses com o cliente. “Acredito que a maior área de oportunidade que o BBVA tem hoje no negócio de Wealth é na parte internacional”, assegurou o CEO.
“Localmente, temos muita confiança nesse negócio. Vemos uma oportunidade de crescimento para multiplicar várias vezes os AUMs. Construímos o modelo, temos pessoas e equipes muito fortes. Temos uma oportunidade de crescimento muito relevante, e acredito que temos todas as bases para isso”, concluiu.