As tarifas impostas pelos Estados Unidos não afetaram significativamente o crescimento econômico mundial até agora, que se manteve estável durante o verão, segundo o último relatório mensal de mercado Highlights, elaborado por Guy Wagner, diretor de Investimentos do Banque de Luxembourg Investments.
Nos Estados Unidos, o consumo interno continua em alta, embora impulsionado principalmente pelas famílias mais ricas. Os gastos empresariais permanecem sólidos, especialmente graças ao investimento em inteligência artificial. Por sua vez, a zona do euro apresenta um crescimento mais fraco, sobretudo no setor manufatureiro, enquanto as esperanças de recuperação se concentram em um aumento dos gastos públicos alemães a partir de 2026.
Na China, persistem pressões deflacionárias devido à fraca demanda interna, à falta de recuperação no mercado imobiliário e ao excesso de capacidade industrial. O Japão, afetado pelas tarifas norte-americanas, viu suas exportações caírem pelo quarto mês consecutivo, com um crescimento que depende principalmente do consumo interno.
Principais temas: inflação, Fed e bolsa
A inflação norte-americana se estabilizou em torno de 3%, acima da meta de 2% do Federal Reserve. Em agosto, a inflação geral subiu de 2,7% para 2,9%, enquanto a inflação subjacente se manteve em 3,1%. Na zona do euro, a inflação geral aumentou de 2,0% para 2,2% em setembro, permanecendo próxima da meta do Banco Central Europeu.
Como era esperado, o Federal Reserve reduziu sua taxa básica em 25 pontos-base, situando-a entre 4% e 4,25%. Jerome Powell, presidente do Fed, indicou que o objetivo de pleno emprego está mais em risco do que o de manter a inflação em 2%. Por sua vez, o Banco Central Europeu manteve inalteradas suas principais taxas de juros, considerando que o processo de desinflação iniciado em outubro de 2022 está chegando ao fim.
Em setembro, os mercados de ações continuaram sua trajetória de alta. Segundo Wagner, o principal impulso veio do setor de inteligência artificial, após o anúncio da Oracle sobre um crescimento significativo em sua infraestrutura de centros de dados. Esse otimismo se espalhou pelos mercados asiáticos, apoiado por investimentos maciços de gigantes tecnológicos chineses.
O MSCI All Country World Index, em euros, subiu 3,2% durante o mês. Entre os mercados regionais, o S&P 500 (USD), o STOXX Europe 600 (EUR), o Topix japonês (JPY) e o MSCI Emerging Markets Index (USD) registraram altas. Por setor, destacaram-se tecnologia, serviços de comunicação e consumo discricionário, enquanto os setores imobiliário, de saúde e de bens de consumo básico registraram quedas.



