A Associação Europeia de Fundos e Gestão de Ativos (Efama, na sigla em inglês) reuniu mais de 40 gestores de fundos ELTIFs, responsáveis políticos da Comissão Europeia e da CSSF, assim como outros agentes do setor, em uma conferência para analisar os ELTIFs. A principal conclusão do encontro foi que, sem uma maior harmonização regulatória, esse veículo não alcançará o “sucesso” entre os investidores.
“Estamos muito satisfeitos por contar com a participação de tantas gestoras no primeiro Fórum Efama ELTIF, realizado em Luxemburgo. Os debates resultaram em claros apelos à ação tanto para os responsáveis políticos quanto para o nosso setor, além de identificarem formas concretas de continuar impulsionando o mercado de ELTIFs na Europa. Os ELTIFs cresceram de forma notável nos últimos anos e ainda têm um grande potencial para democratizar os ativos privados e fomentar o investimento na economia real. Dessa forma, estão totalmente alinhados com os objetivos da União de Poupança e Investimento”, destacou Tanguy van de Werve, diretor-geral da Efama.
Marco regulatório
O encontro ofereceu uma oportunidade para avaliar a implementação das reformas dos ELTIFs 2.0, incluindo o design do produto, sua distribuição e a adoção e incentivos em nível nacional. Nesse sentido, os participantes destacaram, em geral, que a reforma representa um passo importante para mobilizar capital de longo prazo destinado a empresas e projetos europeus. No entanto, também concordaram que são necessárias mais medidas para construir um ecossistema ELTIF verdadeiramente competitivo. “Uma maior harmonização dos marcos e iniciativas nacionais que facilitem a distribuição seria muito benéfica. Da mesma forma, devem ser eliminadas as barreiras protecionistas que, em última instância, prejudicam os investidores finais”, apontou a Efama.
Na opinião de Stefan Staedter, sócio da Arendt & Medernach, o ELTIF 2.0 contribuiu claramente para eliminar alguns dos desafios do lado dos ativos, e praticamente todos os gestores de ativos estão analisando as características do produto. “Agora depende das partes interessadas, incluindo as autoridades nacionais competentes, aplicar o marco de maneira pragmática para garantir que os ELTIFs possam acolher uma ampla gama de estratégias de investimento e modelos de liquidez, e assim continuar transformando-os em um produto de qualidade com alcance europeu e até global”, apontou.
Ideias para impulsionar os ELTIFs
Outra das conclusões apresentadas é que o incentivo à educação financeira dos investidores de varejo e o uso mais amplo de incentivos fiscais contribuiriam para aumentar a adoção desses fundos. Além disso, foi destacado que estabelecer marcos de equivalência e promover a formação sobre os ELTIFs em países fora da UE ajudaria a reforçar o reconhecimento do produto e seu crescimento em nível global.
Um dado curioso é que quase metade dos participantes espera que, até 2027, existam entre 250 e 400 veículos ELTIFs operando, e cerca de 70% preveem um forte crescimento dos ativos, entre 50% e 100% durante esse período, segundo uma pesquisa informal realizada pelo Scope Group durante o evento. Além disso, a dívida privada e as infraestruturas foram identificadas como os setores que receberão mais capital novo este ano, enquanto as plataformas online foram apontadas como o canal de distribuição mais relevante.
Segundo Silke Bernard, sócia da Linklaters, as revisões ao marco dos ELTIFs representaram uma mudança radical que finalmente abriu o mercado europeu ao dinheiro de varejo para financiar a economia real. “O aumento impressionante no lançamento de ELTIFs demonstra o apetite do mercado por produtos de varejo de longo prazo. Os dois principais desafios para manter o ritmo atual de crescimento dos ELTIFs são evitar a criação de barreiras nacionais que impeçam uma história de sucesso paneuropeia e viabilizar modelos de distribuição que permitam uma verdadeira escala.”
Por fim, Martin Parkes, presidente do Comitê Permanente de Regulação de Fundos da Efama e codiretor de Políticas Públicas da UE na BlackRock, considera que uma estratégia nacional deliberada para incentivar o investimento em ativos privados por meio dos ELTIFs impulsionará seu crescimento e sucesso a longo prazo. “A inclusão dos ELTIFs como investimentos elegíveis para contas de poupança nacionais e fundos de pensão também pode contribuir para que os ativos privados se tornem uma parte natural do planejamento de investimento de longo prazo dos poupadores”, defende.
Por Pedro Pligher
