Esta semana, o bitcoin navega a todo vapor rumo a novas máximas históricas, após superar os 110.000 dólares. Um marco que coincide com outro dentro da indústria de investimentos: o JP Morgan oferecerá bitcoin aos seus clientes. “Não sou fã de bitcoin. Vamos permitir que você o compre e vamos oferecê-lo para as contas dos clientes, mas não vamos custodiá-lo. Não acho que você deva fumar, mas defendo seu direito de fazê-lo. Defendo o direito das pessoas de comprar bitcoin”, disse Jamie Dimon, presidente e CEO do JPMorgan, em um encontro com investidores.
Para Eric Demuth, CEO e cofundador da Bitpanda, este rali demonstra que o bitcoin há muito deixou de ser um ativo de nicho. “Investidores institucionais, ETFs à vista, provedores de pagamento… todos estão, neste momento, construindo a infraestrutura que ancorará o Bitcoin de forma permanente no sistema financeiro. Esta máxima histórica não é um pico, mas uma declaração de intenções. Por trás disso, percebe-se claramente a mão dos EUA, que agora vêem as criptomoedas e os ativos digitais como um tema central e estratégico em sua política financeira e econômica. Aqueles que ainda consideram isso uma especulação de curto prazo vão mudar de opinião aos poucos. Até Jamie Dimon começou a recuar esta semana”, comenta Demuth.
A explicação do rali
Thomas Perfumo, Head de Estratégia da Kraken, considera que “a nova máxima histórica do Bitcoin é um sinal claro de que este mercado de alta das criptomoedas ainda tem fôlego”. Segundo sua análise, a recuperação dos mercados de ações, os fortes fluxos para os ETFs e a constante demanda corporativa estão criando um círculo virtuoso que impulsiona o bitcoin para cima.
“Os mercados de ações globais estão atrás do bitcoin, mas estão melhorando, o que dá aos investidores mais confiança para assumir riscos, já que o medo de conflitos geopolíticos está diminuindo. Além disso, a demanda pelos ETFs de bitcoin já é algo estrutural. Desde há um mês, o volume e a constância desses fluxos impulsionaram o preço para cima, e ultimamente o impulso está crescendo. Só este ano, os fluxos líquidos já atingem um recorde de 7,3 bilhões de dólares”, argumenta Perfumo.
A essas afirmações, ele acrescenta uma reflexão: “A demanda corporativa continua muito ativa. A MicroStrategy, que continua sendo a empresa listada com mais bitcoin, arrecadou recentemente 21 bilhões de dólares com um novo programa de emissão de ações. Novos players como Twenty One Capital e Strive estão copiando a estratégia da MicroStrategy de acumular BTC, o que adiciona ainda mais pressão de alta”.
Sua conclusão é que, com as bolsas se recuperando, os ETFs atraindo investimentos em ritmo recorde, e cada vez mais empresas públicas comprando bitcoin, “o ciclo que levou esta criptomoeda acima dos 100.000 dólares continua em andamento”. Perfumo insiste que “a menos que esse trio de fatores positivos falhe, os compradores nas quedas continuarão ditando o ritmo, e o novo recorde de hoje prova isso”.
Perspectivas positivas
Na opinião de Simon Peters, analista especialista em criptoativos da plataforma de investimentos e trading multiactivo eToro, poderíamos estar no início de patamares ainda mais altos. “Existem várias narrativas em desenvolvimento que poderiam provocar uma explosão no preço do bitcoin. Em primeiro lugar, prevê-se que a liquidez global aumente ao longo do ano. Com a recente redução da classificação de crédito dos EUA e a quantidade de dívida que precisa ser refinanciada este ano, será interessante ver como está a demanda atual por títulos do Tesouro de nova emissão. Um fracasso no leilão poderia forçar o Fed a intervir, fornecer o dinheiro para esses títulos e aumentar seu balanço. Historicamente, o preço do Bitcoin aumentou em linha com o crescimento do balanço do Fed”, aponta Peters.
A segunda narrativa à qual ele se refere é que um grande número de compradores e um aumento de capital estão buscando uma oferta fixa: “Os investidores individuais e cada vez mais empresas listadas estão adotando estratégias de tesouraria com bitcoin, comprando bilhões de dólares de uma só vez. Os fundos de pensão e os fundos soberanos também estão aumentando sua exposição ao bitcoin através de ETFs à vista, absorvendo assim uma maior parte da oferta disponível”.
Para esse analista da eToro, o relevante é ver onde o preço máximo será alcançado neste mercado de alta. “O que é evidente é que, se o bitcoin realmente se tornar a moeda ou ativo de reserva global, sua capitalização de mercado (e, consequentemente, seu preço) deveria ser muito superior aos atuais 2,2 trilhões de dólares”, afirma.