#UnitedforImpact, uma coalizão de 65 fundos de investimento de impacto em 17 países europeus, junto com a Impact Europe, insta a Comissão Europeia a aproveitar a revisão do Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis (SFDR) como uma oportunidade-chave para liberar capital privado destinado a soluções ambientais e sociais transformadoras.
Segundo explicam, para avançar nos objetivos climáticos da UE para 2030 e enfrentar os desafios sociais urgentes, a coalizão pede a criação de uma categoria diferenciada de produtos de Impact/Solutions que se concentre em investimentos com resultados mensuráveis, e uma maior diferenciação entre ESG, transição e impacto real. Longe de ser “mais uma regulação verde da UE”, o SFDR pode se tornar uma ferramenta decisiva para mobilizar o investimento de impacto e canalizar capital substancial para a transição de longo prazo da Europa.
A necessidade de uma reforma
Segundo a Suma Capital, uma das firmas que apoia essa iniciativa, a UE deve dobrar os investimentos anuais para mais de 800 bilhões de euros a fim de cumprir seus objetivos ambientais e climáticos até 2030. De forma semelhante, os desafios sociais urgentes em áreas como educação, saúde ou acessibilidade exigem investimentos colossais. Nesse contexto, a empresa insiste que, para compensar esse déficit de investimento e permitir que as soluções transformadoras cresçam, o capital de risco e o capital privado desempenham um papel fundamental.
De acordo com a visão dessas firmas, apesar do rápido crescimento do mercado europeu de investimento de impacto — de 80 bilhões de euros em 2022 para 190 bilhões em 2024 —, os fundos de impacto enfrentam barreiras sob a regulação atual. A reflexão é que, embora o SFDR pudesse facilitar uma maior redireção de capital, sua atual falta de clareza impede que os investidores identifiquem facilmente ativos com uma missão ambiental ou social positiva clara e integral ao seu modelo de negócio, indo além da gestão de riscos ESG.
Na opinião deles, a revisão em andamento representa uma oportunidade crucial para melhorar a transparência em finanças sustentáveis, tanto para investidores privados como individuais. No entanto, alertam que as categorias de produtos propostas pela Plataforma de Finanças Sustentáveis da UE e pelas Autoridades Europeias de Supervisão não conseguem impulsionar uma mudança sistêmica no mercado de investimento sustentável.
Uma nova categoria
Na consulta de revisão do SFDR, 73% dos entrevistados apoiaram a criação de uma categoria voluntária voltada para produtos focados em soluções mensuráveis para os desafios de sustentabilidade, alinhando-se de perto com a definição de investimento de impacto do European Impact Investing Consortium (EIIC).
Nesse contexto, a coalizão #UnitedforImpact e a Impact Europe instam os responsáveis políticos da UE a desenhar uma nova categoria no SFDR, junto às já existentes de Sustentável e Transição, que se concentre em produtos que ofereçam soluções mensuráveis para os desafios ambientais e sociais, e que esclareça a diferença entre ESG, transição sustentável e impacto real. Segundo sua visão, essa categoria deve refletir os objetivos do investimento de impacto: uma tese de investimento clara, resultados positivos mensuráveis e flexibilidade adaptada ao grau de maturidade da empresa.
“Não faltam empreendedores e investidores dispostos a oferecer soluções significativas para nossos desafios mais urgentes. O que precisamos é de um marco regulatório que lhes permita crescer. Ao definir de maneira clara, diferenciada e visível uma estratégia de investimento Impact/Solutions dentro do SFDR, a UE pode trazer a clareza e a confiança necessárias para acelerar a inovação e reforçar a liderança europeia na construção de empresas que coloquem o impacto no centro de seu modelo de negócio”, comenta Jana Bour, diretora de Políticas e Defesa na Impact Europe.
Por sua vez, Servane Metzger-Corrigou, coordenadora da iniciativa #UnitedforImpact e diretora de impacto na Ring Capital, acrescenta: “Uma classificação clara é a base para mobilizar o capital necessário que permita ampliar soluções ambientais e sociais transformadoras. Ao definir o investimento de impacto de maneira separada do ESG, a UE pode desbloquear todo o potencial do mercado, garantindo que os investidores possam direcionar com confiança seu capital para empresas que realmente estão fazendo a diferença”.