A Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), informou, na última quinta-feira (16), que os fundos de pensão atingiram em 2025 o maior patamar histórico de alocação em renda fixa, com 84,4% dos ativos concentrados nesse tipo de investimento. O dado faz parte do Consolidado Estatístico Abrapp, e é o maior percentual desde que a associação começou a divulgar esses dados.
Segundo o levantamento, o avanço desse perfil mais conservador ocorreu em meio à volatilidade dos mercados e às mudanças no cenário de juros. A fatia da renda variável, que era de 20,4% em 2020, caiu para 8% em 2025, enquanto os fundos de pensão reforçaram a posição em títulos públicos, que hoje respondem por 64,6% do total de ativos. O movimento indica uma busca por segurança e previsibilidade em um ambiente ainda marcado por ajustes monetários e incertezas econômicas.
Durante coletiva de imprensa, o diretor-presidente da Abrapp, Devanir Silva, afirmou que a postura mais cautelosa não impediu bons resultados. A entidade projeta que o patrimônio total do sistema deve alcançar R$ 1,4 trilhão até dezembro, com superávit estimado em R$ 5,2 bilhões e rentabilidade anual de 14,45%, acima da meta atuarial de 10,36%.
Silva também destacou que a queda gradual da Selic abre espaço para diversificação. “A redução da taxa de juros cria oportunidades em investimentos produtivos — no agro, na infraestrutura e na indústria — que ajudam a alavancar a economia e proteger o patrimônio dos participantes”, afirmou.
O sistema de previdência complementar fechada encerrou o primeiro semestre com R$ 1,33 trilhão em ativos, equivalentes a 11% do PIB nacional, e déficit líquido de R$ 5,9 bilhões, inferior aos R$ 8,9 bilhões registrados no fim de 2024. A Abrapp prevê ainda o pagamento de R$ 125 bilhões em benefícios neste ano, cerca de R$ 10 bilhões mensais injetados na economia.
A associação também reiterou seu foco em ampliar a cobertura previdenciária, com a proposta do programa de Micro-Pensões voltado a autônomos e microempreendedores, e destacou o papel da Frente Parlamentar Mista da Previdência Complementar Fechada, criada em 2025 com 208 parlamentares, para modernizar o marco regulatório do setor.
Silva concluiu reforçando a importância da educação previdenciária e da poupança de longo prazo. “A previdência complementar não é para poucos; é para todos. Nosso desafio é incentivar a cultura de poupança e garantir renda e estabilidade no futuro”, afirmou.