Com que frequência você utiliza a IA no seu dia a dia?
No âmbito do evento anual Madrid Investment Summit da Janus Henderson, Michelle Dunstan, Chief Responsibility Officer, lançou essa pergunta ao público. A própria Dunstan respondeu que a IA já está presente em nosso cotidiano, embora nem sempre estejamos conscientes disso: “Seja em uma assistência virtual, direção e navegação, ou em uma interação com o serviço de atendimento ao cliente, ou até mesmo na medicina, a IA faz parte, cada vez mais, da nossa rotina diária”, explicou.
Segundo a Janus Henderson, estamos no limiar da era da IA generativa, na qual as máquinas não apenas processam dados, mas também os criam, são capazes de prever resultados e imitam comportamentos humanos com uma precisão impressionante: “As implicações dessa evolução são amplas e profundas, e afetam tudo — desde a superinteligência até as mudanças demográficas e os impactos sociais e ambientais.”
O painel também contou com a participação de Alison Porter, gestora de carteiras à frente das estratégias Sustainable Future Technologies e Global Technology Leaders, e Dan Lyons, analista e cogestor da estratégia Global Life Sciences. Ambos expuseram quais são os riscos e oportunidades em seus respectivos campos de investimento, sob uma ótica que busca compreender e abordar as consequências não intencionais da IA e como isso pode impactar suas estratégias de investimento.
Mais IA, mais consumo elétrico
A primeira a falar foi Porter, que lembrou que os primórdios da IA remontam à década de 1960, mas destacou que a grande explosão dessa nova tecnologia ocorreu em novembro de 2022 com o surgimento do ChatGPT. Dando um salto para 2025, indicou que hoje a evolução se dirige à IA agencial: “A IA generativa é um motor de geração de respostas. A IA agencial tem a ver com o raciocínio; busca fornecer um resultado, não se limita a dar uma resposta”, detalhou a gestora.
Os próximos passos antecipados pela especialista serão a IA física – por exemplo, veículos autônomos – e, como estágio final, a superinteligência, entendida como o momento em que a IA superará os humanos em inteligência. “A questão é que cada um desses passos evolutivos exige cada vez mais poder de computação. E quanto mais reduzimos os custos, mais economizamos para poder utilizá-la. Continuamos encontrando mais casos de uso à medida que reduzimos os custos”, explicou Porter.
A especialista afirmou que o principal termômetro para entender para onde a IA está indo e quais implicações pode trazer é seguir o rastro do dinheiro em forma de capex:
“Em termos de poder de dados, a IA não é barata. Esses chips de IA são muito complexos e estão provocando um aumento do consumo elétrico”, indicou.
Segundo Porter, no início da era da internet, a demanda por eletricidade aumentava cerca de 1,6% ao ano, mas a partir de 2008 — coincidindo com a era da internet móvel — seguiu-se aproximadamente uma década de estagnação. Agora, estaríamos diante de um novo aumento, entre 0,9% e 3% ao ano, devido principalmente à previsão de mais centros de dados: “Eles ainda representam menos de 5% da nossa demanda total, mas seu consumo energético está crescendo rapidamente”, disse, ressaltando que essas previsões são, na realidade, extrapolações baseadas no poder de computação e desempenho atuais, podendo variar no futuro.
Além disso, há o próprio investimento dos hiperescaladores em fontes de energia, outro ponto a considerar ao investir em IA: “Alguns deles estão se tornando líderes em inovação energética”, explicou Porter, destacando a mudança em direção a um maior uso da energia nuclear — com a Microsoft como exemplo —, a maior eficiência no processamento de dados e, principalmente, o desenvolvimento de sistemas de refrigeração, já que estes representam a maior parte do consumo elétrico dos centros de dados. “Estamos passando do simples uso de ar-condicionado e grandes ventiladores para a refrigeração líquida e por imersão”, antecipou a especialista.
Ela também destacou projetos voltados não à redução, mas à evitação de novas emissões, citando como exemplo o Google, que já implementou em 20 cidades um sistema de regulação de semáforos usando apenas o Google Maps, com excelentes resultados — contribuindo para uma redução de 30% das emissões.
Dimensão social da IA
Dunstan também perguntou aos painelistas sobre a dimensão social do avanço da IA, especialmente em relação ao temor de que ela tenha um impacto negativo no mercado de trabalho. Porter, por sua vez, destacou o potencial da IA para enfrentar o inverno demográfico que se aproxima em muitos países do mundo.
A especialista lembrou que a população economicamente ativa está diminuindo, enquanto a proporção de idosos e dependentes aumenta, e que países como China e Alemanha sentirão esses efeitos na próxima geração. “A IA está desativando a bomba demográfica de diferentes formas — desde a produtividade física, o ecossistema, o exoesqueleto, até os veículos autônomos e a assistência médica”, afirmou.
Apesar do tom futurista das projeções, a Janus Henderson já identificou, no último ano, diversos casos de IA aplicada ao setor de saúde, como relatou Dan Lyons, que começou falando sobre o desenvolvimento da robótica aplicada a cirurgias: “Em futuras versões dos robôs, o sistema poderá intervir e interromper o cirurgião se ele estiver prestes a fazer algo que possa prejudicar o paciente”, exemplificou.
A segunda aplicação citada por Lyons foram os wearables — dispositivos médicos vestíveis, como os monitores contínuos de glicose usados por pacientes com diabetes: “Pacientes diabéticos enfrentam o incrível desafio de controlar dieta e exercícios físicos, no contexto da administração de insulina, para manter seu nível de glicose no sangue. E se conectarmos uma bomba e um dispositivo de monitoramento contínuo de glicose com IA, os resultados podem ser ainda melhores”, comentou.
O especialista também destacou o papel da IA no descobrimento de medicamentos, área em que as empresas já usam machine learning há anos. A IA acelera o processo, fornecendo melhores pontos de partida e permitindo avanços mais rápidos na fase pré-clínica. Além disso, está sendo usada nos ensaios clínicos, a parte mais cara do processo: “As organizações de pesquisa clínica estão aproveitando a IA para encontrar os pacientes certos e os centros clínicos ideais, a fim de obter melhores resultados nos ensaios”, resumiu Lyons.
Ele também explicou que a IA tem potencial para melhorar o diagnóstico e a prevenção precoce, fator essencial na detecção de tumores, já que os métodos tradicionais identificam apenas cerca de um terço de todos os cânceres. “As células cancerígenas liberam fragmentos de DNA no sangue que funcionam como uma impressão digital de um câncer em fase inicial. Há empresas usando IA para decifrar esse problema complexo e identificar melhor os cânceres em estágios precoces”, detalhou Lyons.
Como resultado, já existem no mercado produtos capazes de detectar até 50 tipos diferentes de câncer que antes não tinham método de detecção disponível.
A última grande aplicação citada pelo especialista é no campo da eficiência, desde o processamento de dados para aprimorar algoritmos de atendimento em áreas como câncer ou diabetes até a melhoria dos processos de comunicação entre equipes de enfermagem durante trocas de turno.
Oportunidades complexas
Dunstan concluiu que a IA está gerando disrupções, e que as disrupções criam oportunidades. No caso da IA, suas ramificações abrangem desde eficiência e produtividade até privacidade, transparência e boa governança — mas também trazem o reverso: perda de empregos, ataques cibernéticos maliciosos, mau uso da IA por governos e alucinações não detectadas a tempo.
“Todas essas razões tornam a IA extremamente complexa, e por isso acreditamos que é necessário um análise ativa e engajamento. É preciso dialogar com as equipes de gestão, entender não apenas como e para que estão usando a IA, mas também qual é o processo por trás desse uso”, explicou a especialista. Assim, a Janus Henderson desenvolveu um marco de entendimento, reunindo-se com “dezenas de empresas” que utilizam a IA de forma responsável, acreditando que serão essas as que se destacarão no longo prazo.
Fonte: Madrid Investment Summit, 30 de setembro de 2025
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