BNY Investments tem a receita perfeita para que seus clientes internacionais naveguem pelo ambiente atual, minimizando riscos e aproveitando cada oportunidade em nível global. Segundo disse à Funds Society em uma entrevista exclusiva Ralph Elder, Managing Director da gestora para Ibéria e América Latina, com o fim da “era anormal do dinheiro grátis”, a diversificação, o enfoque fundamental e a gestão ativa são cruciais na montagem de uma carteira de investimentos, dado que o contexto atual inclui riscos geopolíticos, é mais inflacionário e apresenta episódios recorrentes de volatilidade.
“Nesse ambiente, a diversificação ajuda muito, sobretudo nos Estados Unidos, onde o mercado está muito concentrado e continua subindo; parece que não importa o que aconteça. O mercado está em modo ‘pricing to perfection’ e é muito difícil subponderar os EUA; fazer isso implica um risco para o cliente e, além disso, o risco reputacional seria demasiado grande”, admitiu.
Segundo sua visão, a música continua tocando e o mercado continua dançando — em alusão à célebre frase de Charles “Chuck” Prince, ex-CEO do Citigroup, usada antes do advento da crise do subprime. “O mercado continua em alta, marca máximas históricas, mas também cria muita volatilidade, e esta vai aumentar porque há um panorama geopolítico tenso”, descreveu. Para enfrentar esse contexto, a gestora conta com o fundo BNY Mellon US Equity Income Fund, com exposição a setores defensivos que pagam dividendos.
A gestora faz parte do BNY Investments, um banco com mais de 240 anos de história, criado por um dos “pais fundadores” dos Estados Unidos, Alexander Hamilton, e por cujas portas passa cerca de 20% dos investimentos em nível mundial.
Com relação à Europa, Elder afirmou que “há argumentos que indicam que pode surpreender positivamente em 2026/2027. A Europa já cortou mais juros do que os EUA, seus indicadores econômicos estão melhorando, há um desconto de 30-40% de valor nesse mercado e as temáticas são diferentes: o continente é forte em utilities, infraestrutura e bancos”, enumerou. A gestora oferece a seus clientes o BNY Mellon Small Cap Euroland Fund para aproveitar esse momento.
Dentro da receita da BNY Investments também se destaca o BNY Mellon Global Short-Dated High Yield Bond Fund, um fundo global dinâmico com exposição a renda fixa com classificações BB e B, ou seja, crédito de “empresas que reduziram seus níveis de alavancagem graças ao período de taxas zero e também aumentaram sua cobertura de juros, tornando-se assim mais sólidas. Além disso, por terem durações curtas, o fundo tem menos exposição às taxas de juros”, explicou.
Melhor ouvir Powell do que o mercado
Nascido na Escócia, Elder estudou Filologia na Universidade de Liverpool e se apaixonou pela Espanha e sua cultura; vive em Madri há mais de 20 anos. “Não se deveria perguntar se terminou a era dos juros zero ou negativos; deveria se perguntar por que durou tanto o período de ‘dinheiro grátis’, que passou de temporário a estrutural”, refletiu na conversa. Durante essa época, não havia volatilidade nem dispersão, “tudo subia, os fundamentos não importavam”, e por isso os investimentos passivos ganharam terreno. No entanto, o ambiente atual é diferente e complexo; portanto, fazem mais sentido a seleção cuidadosa de ativos e a gestão ativa, sempre levando em conta o perfil de risco e o horizonte de investimento do cliente.
Segundo Ralph Elder, o mercado não está ouvindo bem Jerome Powell. “Neste momento, o Fed está observando de perto os dados de emprego, que estão enfraquecendo, e é preciso olhar para duas coisas: a oferta e a demanda”, explicou.
Elder estima que a população ativa em busca de trabalho diminuiu desde a era Biden, já que a imigração caiu pela metade. A isso somam-se as deportações realizadas pela administração Trump. Além disso, as pessoas não estão procurando trocar de emprego e as empresas não demitem, mas também não fazem novas contratações. “Isso ainda não é um problema”, avaliou.
No entanto, Elder acredita que apenas 30% do efeito das tarifas alfandegárias sobre a inflação e o emprego foi visto. “Acreditamos que há cerca de 18% ainda por vir e que o crescimento econômico vai enfraquecer, mas apenas até um ponto de desaceleração, não haverá uma recessão”, afirmou à Funds Society o Managing Director para Ibéria e América Latina da BNY Investments.
“Acreditamos que Powell vê essa realidade — continuou —, mas o mercado interpreta outra coisa: precifica cinco ou seis cortes de juros. Achamos que isso é agressivo demais olhando os dados; os números não refletem esses cortes. Então, a chave é não focar tanto no que o mercado diz. Seis cortes de juros seriam recessivos para a economia, e não é isso que vemos nos dados. Este ano estimamos que haverá mais dois cortes de juros.”
Visão global dos emergentes
A gestora tem uma visão global dos mercados emergentes com qualidades em comum, mas analisa caso a caso, país por país, na hora de investir. “Vemos a América Latina dentro de um contexto diversificado e levando em conta que os mercados emergentes formam um conjunto heterogêneo de países que costumam ter elementos em comum devido aos ciclos econômicos e à fraqueza do dólar. No entanto, em nossa abordagem, a situação geopolítica é primordial, porque se houver ruído ou risco de país, ocorre um efeito de contágio e então não investimos nesse crédito”, detalhou.
Neste momento, a BNY Investments está positiva em relação à China pelos estímulos que podem vir para áreas de IA e tecnologia; também gosta de outros países asiáticos e da Índia, devido ao crescimento de sua classe média. “São mudanças estruturais em nível demográfico que nos ajudam a buscar ideias”, destacou.
Do México, observam especialmente as empresas mais favorecidas pelo nearshoring; da Argentina, monitoram o ruído político pela proximidade das eleições de meio de mandato, mas encontram oportunidades em bônus em dólares, que oferecem rendimentos de 15%; no Chile, interessa a exposição a matérias-primas, “mas sempre dentro do contexto, avaliando o efeito da geopolítica sobre os ativos de nossas carteiras, verificando se a política monetária é coerente e com uma visão fundamental”, esclareceu.
Dentro do continente americano, a gestora vê um brilho especial no Brasil. “É o mercado mais barato da América Latina neste momento; o que há ali é muito ‘deep value’, é um país com ótimas empresas e com muito potencial. E estamos vendo muito interesse de clientes argentinos no mercado brasileiro por causa do trade eleitoral”, indicou Elder. A gestora tem o único fundo ativo de ações offshore do Brasil, o BNY Mellon Brazil Equity Fund, um fundo de convicção que investe em cerca de 30 empresas selecionadas do índice Bovespa.