As empresas familiares têm sido historicamente a base da economia global, representando aproximadamente 70% do PIB mundial e gerando 60% do emprego. A PwC destaca que, no entanto, em um ambiente cada vez mais digitalizado, elas enfrentam um desafio fundamental: compreender o potencial da inteligência artificial generativa (GenAI) para se manterem competitivas e saber como aproveitá-lo. À medida que as rédeas dessas companhias passam para uma nova geração de líderes, surge uma oportunidade única de integrar a IA em sua estratégia de negócios e assegurar sua sustentabilidade a longo prazo.
Segundo a pesquisa global “Sucesso e sucessão em um mundo de IA” da PwC, realizada com mais de 900 jovens líderes de empresas familiares, 73% deles reconhecem a GenAI como um catalisador de mudança. Apesar desse alto nível de consciência, 49% dessas organizações ainda não exploraram essa tecnologia e apenas 7% a implementaram em alguma parte de seus negócios. A adoção da GenAI não se trata apenas de inovação, mas também de uma responsabilidade empresarial que impacta empregados, famílias e a sociedade em geral, segundo a entidade.
Juan Procaccini, sócio da PwC Argentina e especialista em empresas familiares, destaca o papel fundamental que os novos líderes têm nesse contexto: “A pesquisa revela que, embora 73% dos líderes da próxima geração vejam a inteligência artificial como uma força transformadora, existe uma preocupação significativa sobre a capacidade das empresas familiares de capitalizar essa oportunidade. Essa geração tem a tarefa de equilibrar prudência com urgência, garantindo que a implementação da GenAI seja realizada de forma responsável e alinhada com os valores familiares. Para maximizar o impacto da tecnologia, é essencial integrá-la à estratégia corporativa da empresa familiar e designar a liderança adequada para assegurar o sucesso desse processo” — e destacou que as empresas familiares que conseguirem integrar a GenAI de maneira alinhada ao seu legado serão as que farão a diferença nos próximos anos.
As empresas familiares foram tradicionalmente adotantes cautelosas de novas tecnologias, preocupadas com os riscos de implementação e a segurança de seus investimentos. No entanto, para se manterem na vanguarda, os novos líderes devem impulsionar uma integração estratégica da GenAI, segundo a PwC, que acrescenta que, para isso, é fundamental que a adoção seja realizada com um enfoque consciente e alinhado com a visão da empresa, garantindo que a IA não apenas otimize processos, mas também gere vantagens competitivas. A fluência digital da próxima geração os posiciona de forma única para identificar casos de uso inovadores, que aproveitem grandes volumes de dados para prever tendências e melhorar a tomada de decisões.
Roberto Cruz, sócio da PwC Argentina, responsável pela prática de inovação digital, enfatiza a importância de agir rapidamente nesse processo: “A pesquisa destaca que apenas 7% das empresas familiares implementaram IA em alguma parte de seus negócios. É imprescindível instalar o tema da IA na conversa familiar, porque ele afeta cada vez mais a capacidade das empresas de competir. Também é necessário que, a partir de um primeiro entendimento, haja experimentação com IA em casos concretos que gerem valor e, sobretudo, que sejam o pontapé inicial de um caminho de adoção informada e crescente de IA para aumentar a competitividade. A próxima geração deve liderar esse processo, utilizando sua fluência digital e novas perspectivas para impulsionar a inovação e assegurar que seus negócios sejam sustentáveis no novo contexto tecnológico”.
Além da adoção estratégica e da identificação de oportunidades inovadoras, as empresas familiares devem focar na construção de confiança e responsabilidade em torno da IA. Essas companhias, reconhecidas por sua solidez e confiabilidade, têm a oportunidade de liderar a implementação ética da GenAI. Estabelecer um marco de governança sólido e realizar testes rigorosos permitirá minimizar riscos e garantir que a adoção da IA esteja alinhada com as expectativas de todos os stakeholders.
Para mitigar incertezas, os especialistas recomendam começar com pequenos projetos-piloto que permitam explorar o potencial da GenAI sem comprometer grandes recursos. Essa estratégia possibilita ajustes antes da implementação em larga escala e facilita a identificação dos benefícios reais que a IA pode trazer para a empresa.
O futuro das empresas familiares dependerá de sua capacidade de integrar tecnologias emergentes como a GenAI em seu modelo de negócio. A adoção da inteligência artificial não apenas otimizará a eficiência e a tomada de decisões, mas também definirá o sucesso dessas empresas no novo cenário global.
Por Pedro Pligher
