Em abril, Espanha e Portugal sofreram o maior apagão da Europa em duas décadas em uma rede alimentada majoritariamente por energia eólica e solar. O apagão, que durou quase 18 horas, demonstrou até que ponto a vida moderna depende da eletricidade. Ademais, colocou em dúvida se as atuais infraestruturas de rede estão preparadas para a transição energética.
A interrupção evidenciou a urgência de grandes investimentos para desenvolver sistemas energéticos resistentes e de baixo carbono, assim como o papel principal que os materiais estratégicos e as estratégias sustentáveis podem desempenhar nessa transformação.
Enquanto o investimento global em energias renováveis quase dobrou desde 2010, o investimento em redes praticamente não variou, situando-se em torno de 300 bilhões de dólares por ano. Segundo a Agência Internacional de Energia, esse valor precisará ser duplicado até 2030 e ultrapassar 600 bilhões de dólares anuais para cobrir as reformas necessárias.
Isso reforça nossa opinião de que o gargalo da transição energética não é mais a geração, mas sim a infraestrutura. A construção ou melhoria das redes existentes exigirá cabos e torres de alta tensão para conectar a capacidade de geração e transportar a eletricidade de parques eólicos e solares remotos para os centros urbanos. As redes digitais de nova geração, que armazenam eletricidade para uso noturno ou em condições de vento fraco, serão essenciais para gerenciar o fornecimento intermitente das energias renováveis.
Estabilizar o fornecimento de energia renovável depende do armazenamento de energia, que requer metais raros e lítio, entre outros materiais. A maioria dos países ainda carece de infraestruturas de armazenamento adequadas, o que cria uma importante oportunidade de crescimento.
A transição energética também está impulsionando o mercado de materiais de rede, como cobre e alumínio, essenciais para ampliar e melhorar os sistemas de transmissão.
Apesar das preocupações em torno da presidência de Trump 2.0 e seu impacto nas políticas climáticas, as estratégias verdes superaram a renda variável global em 2,6% desde o início do ano.
Na JSS SAM, acreditamos que o apagão registrado na Península Ibérica será um novo catalisador para apoiar essa tendência e atuará como vento a favor para as empresas e os materiais que estão moldando nossas futuras redes energéticas.
Tribuna de Daniel Lurch, gestor principal, Léna Jacquelin, cogestora, e Olivier Maris, especialista em investimentos na J. Safra Sarasin Sustainable AM.