Para Carlos Iburo, banqueiro associado na Alos Gestão, a dívida pública americana oferece oportunidades neste verão, devido ao fato de que o Fed (Banco Central dos EUA) pode começar a reduzir os juros em breve, o que dará suporte ao ativo. Ele, por outro lado, se mostra cauteloso com a renda variável, em um cenário em que os mercados pecam pela complacência, e admite que, em meses com menor volume de operações, as bolsas ficam mais vulneráveis a correções — algo que pode ser saudável para voltar a vislumbrar oportunidades e potencial.
Ele nos conta a seguir, dentro da seção «Um verão para investir».
Qual é a ideia, a melhor ideia, que você destacaria para investir neste verão?
A renda fixa soberana americana em todas as suas durações, dependendo da aversão ao risco de cada investidor. Existem grandes chances de que os dados econômicos esfriem nos próximos meses e o Fed decida acelerar a queda dos juros nos EUA, reduzindo a diferença com os juros europeus.
Por outro lado, um ativo com o qual devemos ser cautelosos neste verão…
As bolsas em geral, por vários motivos. As avaliações estão elevadas, o P/L atual da bolsa nos EUA está 35% acima da média histórica, a sazonalidade não ajuda, é importante considerar que os volumes de negociação são mais baixos durante o verão, especialmente em agosto, o que gera mais volatilidade, e além disso, setembro historicamente é o pior mês do ano. Existe uma enorme complacência no mercado, todas e cada uma das quedas dos últimos anos se recuperaram em formato de V, o investidor está perdendo o medo dos mercados e isso, como dizem os americanos, não é bom.
Quais são os principais riscos que os investidores poderão enfrentar nestes meses?
Os riscos do verão são os habituais: baixo volume, sazonalidade… Claro que temos o problema das tensões geopolíticas e da guerra tarifária, que podem se intensificar justamente no verão por causa do menor número de operadores, o que torna o mercado mais manipulável.
Como você gostaria de encontrar os mercados quando voltar das férias em setembro? Um desejo…
Considero que, embora nunca seja desejável, os mercados de renda variável deveriam ajustar suas avaliações para que possam oferecer um caminho mais amplo para os próximos anos. As correções também são saudáveis, pois deixam o mercado mais saudável e com potencial.
E, por outro lado, espero que minha aposta pela renda fixa soberana se materialize em queda dos juros já em julho ou setembro.