O investidor brasileiro não está mais pensando se deveria ou não ter investimentos em dólar. Para Fabiano Cintra, head da área de análise de fundos de investimento da XP, ele já passou desse estágio e agora se questiona sobre “quanto ele deve ter e como aloca esses recursos”.
A afirmação, dada em entrevista à Funds Society durante a XP Expert 2025, reflete os novos movimentos da conhecida plataforma brasileira — e do aumento de apetite por ativos offshore que ela tem testemunhado.
Segundo Cintra, a XP está indo com “força total” para Miami, buscando novos fundos e expandindo seu quadro de funcionários na Brickell Avenue, famosa avenida que tem se tornado um dos principais hubs de investimentos da Flórida, onde fica uma unidade da XP International.
Alocação internacional dobra em dólares
“Dobramos o tamanho da alocação em fundos internacionais desde o início do ano”, diz Cintra, sobre as operações americanas vistas na plataforma da empresa, que também tem cada vez mais aberturas da conta global XP, que dá acesso a esses ativos.
Segundo Cintra, o brasileiro não só está convertendo o real para o dólar, mas também buscando investir em fundos internacionais, apesar da taxa de juros local ainda ser alta. “Se o CDI é tão bom, por que o investidor estrangeiro não traz o dinheiro dele pra cá e investe em nossa renda fixa? Porque ele pensa em dólar. O retorno do CDI nos últimos 10 anos em dólar foi de 40%, o que dá menos de 4% ao ano”, afirma.
A procura de novos fundos
Hoje com 10 gestoras internacionais e pouco mais de 100 fundos, a XP segue na busca por mais players e ativos para seus clientes. “Queremos aumentar o número de fundos em pelo menos 30% até o final desse ano”, afirma Cintra.
“Exploramos todas as classes de ativos, não só renda variável, mas renda fixa e o grande queridinho da vez, que é o crédito estruturado”, diz. Segundo ele, a classe de ativos tem sido procurada no Brasil e globalmente. “Com os Treasuries acima de 4%, você tem spreads de crédito, podendo encontrar mandatos que dão retorno em dólar + 7%… dólar + 8%. Os clientes estão à procura de um prêmio de crédito interessante na moeda.”