Os principais asset owners (LAOs, na sigla em inglês) mantêm sua confiança de que suas carteiras estão solidamente posicionadas para enfrentar uma variedade de choques no próximo ano. No entanto, segundo o último barômetro publicado* pela Mercer, eles percebem uma maior vulnerabilidade em comparação ao ano anterior frente a diversos riscos-chave nos próximos 12 meses, incluindo riscos geopolíticos (35% contra 31% em 2024), inflação (31% contra 22%) e aperto monetário (30% contra 23%). De fato, em um horizonte de três a cinco anos, a percepção de vulnerabilidade frente à maioria dos riscos mostrou um leve aumento.
Em particular, os riscos regulatórios durante esse período foram apontados por 32% dos LAOs, representando um aumento significativo em relação aos 20% registrados na pesquisa anterior. Isso reflete a incerteza dos proprietários de ativos quanto à evolução futura da regulação após um ano marcado por mudanças políticas importantes e seu possível impacto nas carteiras.
“Os mercados de renda variável, renda fixa e câmbio estão passando por uma volatilidade extrema devido às tensões comerciais, mas, segundo nossos dados, podemos observar que os principais asset owners estão posicionados para o longo prazo e parecem, em geral, tranquilos em relação aos movimentos de mercado de curto prazo. Dito isso, no próximo ano pretendem realizar alguns ajustes estratégicos em suas carteiras, assim como fizeram no ano passado, para mitigar os riscos e aproveitar as oportunidades que identificam”, aponta Eimear Walsh, diretora europeia de Investimentos da Mercer.
Posicionamento e alocação de ativos
Segundo o relatório da Mercer, durante o último ano, os LAOs tomaram diversas medidas para proteger suas carteiras frente aos riscos, incluindo o ajuste da duração das alocações de renda fixa (53%) e a modificação da exposição geográfica dos ativos (47%). Um dado notável é que quase metade (45%) dos entrevistados aumentou sua alocação a mercados privados, uma tendência que se espera continuar em 2025.
Para os próximos 12 meses, observa-se que 47% preveem aumentar a alocação de suas carteiras em dívida/crédito privado, enquanto 46% esperam aumentar suas alocações em infraestrutura. Segundo os autores do relatório, essa tendência é especialmente pronunciada entre os maiores proprietários de ativos; 70% daqueles com mais de 20 bilhões de dólares sob gestão têm a intenção de aumentar as alocações em dívida/crédito privado nos próximos 12 meses, e 63% planejam investir mais em infraestrutura.
“Apenas cinco por cento, um em cada vinte, dos proprietários de ativos entrevistados gerenciam totalmente seus investimentos internamente. Em um ambiente de investimento cada vez mais complexo, observamos um grande apetite entre os principais asset owners por terceirizar a gestão dos investimentos, sendo que as classes de ativos mais complexas são frequentemente gerenciadas por equipes externas”, declara Rich Nuzum, diretor executivo de Investimentos da Mercer e Estrategista-Chefe Global de Investimentos.
Otimismo em relação aos mercados domésticos
Embora, em geral, mostrem confiança em sua resiliência, os principais asset owners europeus demonstram um grau maior de preocupação com os riscos do que seus homólogos nos Estados Unidos: 43% dos LAOs europeus acreditam que suas carteiras são vulneráveis a ameaças geopolíticas nos próximos três a cinco anos, contra 18% nos Estados Unidos.
Diferentemente dos principais asset owners nos Estados Unidos e no Reino Unido, os proprietários de ativos europeus parecem mais positivos em relação ao investimento em ações de seus mercados domésticos. 34% dos LAOs com sede na Europa esperam aumentar suas alocações em ações europeias nos próximos 12 meses. Em média, os LAOs nos Estados Unidos e no Reino Unido são mais propensos a reduzir suas alocações aos mercados acionários domésticos.
Há também algumas evidências de que os LAOs europeus, que podem ter tido uma alocação menor em mercados privados em comparação com seus homólogos norte-americanos, agora buscam fechar essa lacuna. Quase metade (48%) dos LAOs europeus alocaram investimentos em mercados privados nos últimos 12 meses, contra 27% dos baseados nos Estados Unidos.
Aposta em IA
Mais de dois quintos (43%) dos principais asset owners entrevistados acreditam que a inteligência artificial será um fator altamente influente na configuração do ambiente macroeconômico nos próximos cinco a dez anos, à frente da geopolítica (34%) e da transição energética/mudança climática (34%). Apesar desse sentimento, mais de dois terços (69%) dos LAOs afirmam que não implementaram nem começaram a desenvolver uma política de IA/IA generativa.
Outra tendência importante é que cada vez mais asset owners estão incorporando objetivos de investimento sustentável, mas os objetivos de transição climática estão diminuindo. Os maiores LAOs (com ativos sob gestão superiores a 20 bilhões de dólares) são mais propensos a incorporar metas de sustentabilidade em suas políticas de investimento, com 81% incluindo esses objetivos em suas políticas, em comparação com 64% dos proprietários de ativos menores. Além disso, nos próximos 12 meses, quase um quarto (24%) dos LAOs pretende aumentar sua alocação a fundos ESG/sustentáveis, e 29% esperam aumentar sua exposição a estratégias de impacto.
Apesar disso, o número de LAOs que planejam estabelecer metas de transição climática e de emissões líquidas zero está diminuindo: 39% não planejam estabelecer metas de emissões líquidas zero, contra 29% no ano passado, e quase 39% não planejam estabelecer metas de transição climática (contra 8% no ano passado).
*Mercer, empresa que faz parte da Marsh McLennan e líder global em consultoria e investimentos, publica o Large Asset Owner Barometer 2025. Nele, os proprietários de ativos entrevistados, que juntos representam mais de 2 trilhões de dólares em ativos, fornecem perspectivas importantes sobre a tomada de decisões de investimento dos maiores fundos de capital.